light gazing, ışığa bakmak

Sunday, November 23, 2014

o grande líder (2) ou sobre a natureza da democracia

carrega com ele a democracia neste país onde  os políticos sérios são cada vez mais invisíveis. se fosse só cá.

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no mesmo dia em que 41.005 pessoas votaram no orçamento participativo de Cascais, entre as quais eu. o texto do presidente, Carlos Carreiras:

ORGULHO e RESPONSABILIDADE.
Por muito que nos dêem motivos de desesperança, a Democracia ainda é o melhor regime político e todos os outros são muito maus, mas o exercício da democracia precisa de ser renovado e repensado.
Em Cascais temos vindo a fazer uma forte aposta no desenvolvimento de ferramentas de Democracia Participativa, das quais o Orçamento Participativo de Cascais (OP) é um dos maiores expoentes.
Se analisarmos que fui eleito com pouco menos de 28.000 votos, obtendo maioria absoluta e o dobro do partido mais votado e a menor força política que elegeu vereadora teve menos de 5.000 votos, constatamos facilmente que o OP é um enorme êxito em termos quantitativos.
Em termos qualitativos é bom verificar que o Orçamento Participativo de Cascais passa por várias fases, iniciando-se com 9 assembleias participativas em que mais de 740 munícipes saíram de suas casas e foram apresentar e discutir as suas propostas com outros munícipes seus vizinhos, votando em cada assembleia as propostas apresentadas que depois de validadas tecnicamente passaram à votação que entretanto decorreu e da qual os resultados foram hoje apresentados com o auditório da Casa das Histórias Paula Rego completamente repleto.
Foi uma verdadeira festa de cidadania, um hino à participação cívica dos Cascalenses, um extraordinário movimento de cidadãos que tem crescido e robustecido de ano para ano.
A TODAS e a TODOS os que se envolveram os meus sinceros PARABÉNS, o meu reconhecimento. BEM HAJAM.
Estes resultados significam para mim um enorme ORGULHO e um acréscimo de RESPONSABILIDADE.


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embora o(s) orçamentos participativo seja uma percentagem reduzida do orçamento geral, a votação numa sala de aula ou de um parque ou dos balneários de uma instalação desportiva são mais importantes para a população do que a votação de um programa que vai condicionar as suas vidas durante quatro anos. não sei se isto será muito abonatório para a democracia até por várias razões. o não-voto tem algumas razões a principal das quais é, hoje, o descrédito total da classe política.  podem os comentadores estarem todos com pezinhos de lã mas o povo - aquele que cortou cabeças - estava pronto para as cortar de novo. entre esse povo e os poderosos estão os senhores juízes e a polícia. por outro lado, há uma ideia geral de que o voto pouco muda. essa ideia esbate-se com os discursos inflamados em tempo de eleições e lá se vota na esperança de qualquer coisa ou na negação de outra, mas a impotência do cidadão é grande. os orçamentos participativos são uns mini-referendos de sucesso, o que também dá que pensar sobre os referendos com as suas perguntas elípticas e confusas contra este modelo de projecto com fotos e filmes. se a democracia é o melhor sistema? contra quê, a tirania? ah sim, é. pena que as possibilidades sejam apenas duas. este fds conheci o v. e falámos brevemente das outras possibilidades de existência social.



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