Sempre me atraiu bastante a ideia de variações, a combinação de um número muito reduzido de elementos em conjuntos sucessivos. O número desses conjuntos é finito na maior parte das áreas, mas quase infinito quando as variações são implicam gente. Muito das artes se sustem neste conceito de combinação de elementos, mais tradicionalmente a música. Mas o teatro sobretudo o minimalista (especulo nada mais), as imagens, e a escrita em geral. Uma mão espartana de elementos que se movimentam em combinações sucessivas, dentro de um espaço fechado. Muitas vezes tenho lido que a inibição na arte, seja ela qual for, pode ser mais produtiva do que a liberdade. Não sei, mas o despir de inutilidades e decorações para se jogar apenas com uns poucos essenciais atrai-me. Isto mesmo foi o que li em Quarteto no Outono, de Barbara Pym, a autora menos passível do universo de ser envolvida em especulações deste tipo, e daí talvez não. A escritora do detalhe e do mundo pequeno dos reformados; do bairro, do pequeno funcionário de escritório, dos objectos inúteis e parcos de um quotidiano pobre e carente, e que acaba por brincar, manipulando uma espécie de tangram de vidas. Não é por acaso, nem pouco mais ou menos, que esta obra se chama "Quarteto no Outono". Melhor nome seria mesmo impossível: um livro fascinante.
light gazing, ışığa bakmak
Monday, April 28, 2008
variações (Quartet in Autumn by Barbara Pym)
Publicado por Ana V. às 10:56 AM
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment