quando este verão a Tate Modern convidou graffiters para pintar as suas paredes achei que não estava a fazer mais do que a pôr no papel aquilo que é uma realidade. a arte saiu da parede do museu e da galeria. tudo o que é graffiti não é arte mas eu diria que também nem tudo o que está no museu e na galeria é arte. um dos artistas convidados foi Blu, que reencontrei agora no cinanima através de uma animação feita nas paredes de Buenos Aires.
o segundo favorito da mostra. gostei muito do japonês Kunio Kato, que recebeu o Grande Prémio, e adorei Bernie's Doll de Yann J. bem feito, uma história excelente, um enorme sentido de humor, muito original, bons desenhos.
em geral fiquei surpreendida com o pessimismo patente em todos os filmes. a cor só surgiu lá para metade da mostra, muito preto e branco, e um tema recorrente: a solidão e a massificação indiferenciada da vida quotidiana. um tema paralelo e inescapável: o ambiente. a realidade já há muito deixou de ser cor-de-rosa nos filmes de animação. de certo modo talvez reflictam melhor o sentimento do mundo do que os mundos ficionais e enrolados em si próprios do cinema de longa metragem. o mesmo acontece, julgo, em relação a todas as imagens que não são para o grande consumo, entretenimento: reflectem sem receio -espelham e ponderam- o nosso mundo.
acabei um pouco desiludida com as animações portuguesas que foram apresentadas. sei que há muitos núcleos de grande criatividade e dinamismo pelo país fora, mas esse movimento não transpareceu facilmente na lista de vencedores desta edição do cinanima. no entanto, não duvido que mais tarde ou mais cedo esse trabalho se vai tornar mais visível. tal como o ano passado tenho apenas uma pergunta: porque não estava o excelente Pavilhão Multimeios cheio a abarrotar? há muito, tanto, a fazer pela educação neste país.
light gazing, ışığa bakmak
Tuesday, November 18, 2008
cinanima 2008: impressions
Publicado por Ana V. às 12:59 PM
TAGS Cinanima, Cinema de animação
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