light gazing, ışığa bakmak

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Friday, October 11, 2013

que há vinte anos eu não poderia ver:

a primeira neve, que caiu hoje no Brenner pass, um dos locais mais lúgubres por onde passei.


foto de Andrea Santi via fb.

Thursday, August 1, 2013

bus

chegar a Riva, há dois anos atrás. (torbole sur garda)

Tuesday, May 7, 2013

yet another image of Venice and death


"As the great crowd encircled the grave site, my only clue that the body was at that very moment being lowered into the grave was the increasing intensity of the weeping and sobbing and the exclamations of bismillahi  and alâ milleti Resulullah.
(...)
I’d once gazed into the eyes of Death, not at a grave site, in an entirely different place…

A memory: Thirty years ago, Our Sultan’s grandfather, Denizen of Paradise, decided once and for all to take Cyprus from the Venetians. Sheikhulislam Ebussuut Effendi, recalling that this island was once designated a commissariat for Mecca and Medina, issued a fatwa which more or less stated that it was inappropriate for an island which had helped sustain holy sites to remain under Christian infidel control. In turn, the difficult task of informing the Venetians of this unforeseen decision, that they must surrender their island, fell to me. As a result, I was able to tour the cathedrals of Venice. Though I marveled at their bridges and palazzos, I was most enchanted by the pictures hanging in Venetian homes. Nevertheless, in the midst of this bewilderment, trusting in the hospitality displayed by the Venetians, I delivered the menacing correspondence, informing them in a haughty, supercilious fashion that Our Sultan desired Cyprus. The Venetians were so angry that in their congress, which had been hastily convened, it was decided that even to discuss such a letter was unacceptable. Furious mobs had forced me to confine myself to the Doge’s palazzo. And when some rogues managed to get past the guards and doorkeepers and had set to strangling me, two of the Doge’s personal musketeers succeeded in escorting me out one of the secret passageways to an exit that opened onto the canal. There, in a fog not unlike this one, I thought for an instant that the tall and pale gondolier dressed in white, who’d taken me by the arm, was none other than Death. I caught sight of my reflection in his eyes."
Pamuk em My Name is Red.

Tuesday, February 19, 2013

do jardim da minha memória,

Bolzano a caminho de Brenner Pass. fotografia de Alessandro Calabrese. a paisagem anda cheia de romances heróicos e de Hemingway, aqui. as sombras do führer também-


na Urbanautica.

Monday, September 10, 2012

'The upright lace of Venetian façades is the best line time-alias-water has left on terra firma anywhere'





Fondamenta Degli Incurabili, de Brodsky. ou Watermark. via landscape stories. ou rua dos incuráveis, rua junto à agua do canal. ou marca de água, um conjunto de escritos em prosa. em Veneza.

The upright lace of Venetian façades is the best line time-alias-water has left on terra firma anywhere. Plus, there is no doubt a correspondence between – if not an outright dependence on – the rectangular nature of that lace's displays – i.e., local buildings – and the anarchy of water that spurns the notion of shape. It is as though space, cognizant here more than anyplace else of its inferiority to time, answers it with the only property time doesn't possess: with beauty.
Brodsky em Watermark.

é preciso regressar empunhando este livro.
(funny how «people» expect a travel guide from a Nobel poet, mas sobre a recepção do trabalho artístico pela multidão consumidora há pouco a dizer, pouco que tenha algum interesse)

a mais marcante e desconcertante visita foi ao Palais de Tokyo. todos os materiais co-existindo num cenário quase apocalíptico de semi-destruição e reaproveitamento, trabalhos de intervenção, de auto-consumo, de observação cínica ou desapaixonada, testemunhos pessoais, memórias e dores íntimas, relações sociais, aparência, máquinas e maquinações, multiplicidade de objectos, medo, sensação e claustrofobia. tudo menos beleza.

o belo, ou o espanto perante o belo, é intrínseco e não pode ser retirado. se a igreja deixou de ser a fonte das ideias morais, a arte deixou mostrar -ensinar/indicar/sugerir/estabelecer- o padrão de belo. umas e outro andam assim à solta, à procura de fontes verdadeiras e confiáveis que não vão ser encontradas. o 'belo' escapa-se por vias inesperadas: na fotografia, fonte primária, no design de objectos, gráfico, na arquitectura, no arranjo de jardins e de montras, no empacotamento e em arranjos florais, na decoração e nos pratos gourmet, nas festas de casamento, nas esplanadas de praia.

é o caos dos curadores.



- -

Thursday, July 26, 2012

beloved

Venice.

just a detail: 'for a country unaccustomed to change'???  that was way out of focus.


Saturday, December 10, 2011

Illuminazioni

da Biennale de Veneza deste verão e esquecidas no cartão de memória. 440.000 visitantes, entre os quais eu, na cidade do desejo, a única. estas do Arsenale, que outro local seria, o antigo estaleiro da frota veneziana.



































Tuesday, December 6, 2011

design

posso ver trezentos programas de televisão e comprar uma torre de revistas (o que não faço), que o meu modelo decorativo está nos filmes de Iosseliani.







com Chantrapas: gostei, estranho filme, irónico, non sense por vezes, político, alguma coisa desajustada. e resistiu à armadilha que é a minha memória. esses cenários, sobretudo, todos mais fortes do que muitas ideias. também aqui outra contradição: entre a Triennale de Milão, e as cadeiras em que me sentei, e alguma fotografia contemporânea. por exemplo este chocante Rooms Project de Miranda Hutton. (caberia em still life?, decerto uma reflexão sobre a relação com os objectos), no site-blog Oitzarisme. ou: o que são os objectos sem memória?

no centro comercial, os cenários-objectos são esses, aspirantes à Triennale, e desenhados para evocar ausências (ficções) que desejamos, ansiamos. que sonhos temos, ou não temos, já que nos incutem os sonhos, somos inseminados por sonhos alheios, inseminados por sinais (maldito Barthes). assim: os cafés-cafetarias são de 'madeira' escura, aspecto algo colonial (diria o designer, elementos de inspiração colonial), há grãos de café, objectos que fingem pertencer a uma autenticidade mais antiga, fotos de mulheres negras, vestidas de branco e descalças com as duas mãos cheias de grãos. por vezes há sacas vazias -montadas, que pretendem ser sacas de café. nas mais conscientes, há alguma coisa relativa ao fair trade, etc. (faltam os escravos!) em oposição a esta exibição de contos de fadas, coloco um livro in-the-making (?) sobre as tascas portuguesas, de norte a sul, Tascas e Tabernas de Portugal.
onde vou, onde vou eu, em pleno consentimento?

Monday, November 28, 2011

two Peggies in Venice


imagens das imagens de Manuel Casimiro, em 1979.

Saturday, October 22, 2011

Sirmione

às margens do Garda doce regressava Catullo, à casa de família, meio século antes do anno domini. no poema 64, Ariadne lamenta a sua sorte. a história longa destes escritos, dois mil anos - idade aproximada da shp7 no Nevada, é frequentemente tão ou mais interessante do que os próprios textos. a escrita que se imagina solitária -clichés- o indivíduo sentado frente ao papel branco, é uma adulteração de dois milénios, desvios, acidentes, modas. através dos véus enigmáticos do tempo, descobre-se Ariadne tão real hoje como então.

There, in palace center, stands the goddess' wedding bed,
bright white with Indic ivory, its cover colored crimson
by dye, rose-red, from the shells of the sea.

50
This cloth, adorned with humanity's pristine images,
shows with stunning art the greatness of heroes.
Yes, looking out from the surf-booming shore of island Dia--
at Theseus departing with his swift fleet--is gazing
Ariadne, carrying uncontrollable rage in her heart.
55
Not yet does she believe she sees what she sees--
since she, just then first aroused from treacherous sleep,
discovers herself abandoned, pitiful, on lonely sand.
Yet, unmindful, the youth pushes the waves with his oars;
escaping; leaving his worthless word to the laughing gale.
60
The Minoan girl, at seaweed's edge, stares far, far out at him
with suffering eyes. Like a Bacchante's stone statue she stares out--
how sad!--and she swirls in great billows of hurt:
blond hair not in place under delicate scarf,
bosom not covered by thin outer dress,
65
milk-white breasts not bound under smooth inner dress.
All cloth, from her whole body fallen,
the salt tide sports with at her feet.

- -
também em português.

Wednesday, September 28, 2011

rosa

voltei à poesia em forma de rosa, talvez o meu livro do ano.



encontrei os versos que me assombram desde a Triennale.

  ...    Io devo difendere
questa enormità di disperata tenerezza
che, pari al mondo, ho avuto nascendo.


(I need to defend
This immensity of desperate tenderness
That, at one with the world, I received...)
Pasolini na p. 27, do livro todo, aqui.




Sunday, September 18, 2011

beautiful syllables melting

"And Settembrini began to recite in Italian, letting the beautiful syllables melt upon his tongue, as he closed his eyes..", Mann em The Magic Mountain.

a minha edição em .pdf, parece, aqui. útil para citar, seja dito. ainda dentro da ideia crescente de sense of beauty, vs. conceptual. embora em geral eu goste de evitar este vs. tão artificial.

Wednesday, August 24, 2011

"Across the river and into the trees"

Publicado em 1950, Adriana substitui Tadzio sem o ultrapassar. Veneza, a morte que imaginou dez anos antes da sua própria. apesar das más críticas, ainda assim admirável, uma história de morte com Dante, com Mann, Othelo e com todos os regimentos perdidos nas Grandes Guerras. de certo modo, e talvez por isso o excesso, espreitar para dentro de um soldado, como eram os soldados, como sempre foram, e andando mais ainda, espreitar as razões do mundo ter crescido desta maneira.

Tennessee Williams, in The New York Times, wrote: "I could not go to Venice, now, without hearing the haunted cadences of Hemingway's new novel. It is the saddest novel in the world about the saddest city, and when I say I think it is the best and most honest work that Hemingway has done, you may think me crazy. It will probably be a popular book. The critics may treat it pretty roughly. But its hauntingly tired cadences are the direct speech of a man's heart who is speaking that directly for the first time, and that makes it, for me, the finest thing Hemingway has done."  --na wiki.

lido numa versão-oferta que acompanhou um qualquer jornal ou revista e onde se traduz character por caracter. ainda assim vive. e eu bem gostaria de ter todo o Hemingway em casa.

foto da foto, num artigo de Clara Ferreira Alves para a Única, neste verão.

Tuesday, August 23, 2011

todos os

anos lhes tiro o mesmo retrato. ao contrário de Hemingway, na cidade da água não fui ao Harry's nem bebi nenhuma das herdeiras das misturas de Cipriani. gostaria de dizer que fica para o próximo inverno. gostei de saber dos rapazes de Torcello. neste caso, 'os rapazes' diz muito. Hemingway, como muitos dos do seu pais, foi um fundador de religiões.

Monday, August 15, 2011

para ver

Per Grazia Ricevuta, Nino Manfredi. tinha uma ideia da televisão italiana, cheia de concursos reluzentes, dominada pelo poder central. é verdade. mas não só. para além de inundada do habitual trash americano, há bom cinema todos os dias. muita comédia. em Milão, vi o corpo morto do museu do cinema, um local abandonado, mas falhei miseravelmente o original. que seguiram a viagem: Mann e, finalmente encontrada, a Poesia in forma di rosa, Pasolini [numa hora espreguiçada na Mondadori, comercial, do Duomo]. se puder, se pudesse, gostaria de traduzir todo o livro. Un fiore labile di poesia, nulla di píú, mio amore, escrevia Pavese.

home

passaram anos e, no entanto, será preciso sonhar a viagem para a começar a entender.

Sunday, August 14, 2011

s/n







 
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