light gazing, ışığa bakmak
Sunday, January 11, 2009
ladeira
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Ana V.
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Tuesday, January 6, 2009
Sunday, January 4, 2009
Saturday, January 3, 2009
e por falar em mulheres, não essas fugitivamente elusivas, as outras
sou vidente-que-vê-quase-obsessivamente, para não usar voyeur, das tarefas ditas, costumeiras e por tradição femininas, que hoje os homens, alguns, podem ser livres finalmente e escolher o que fazem. gostei de ler a brevíssima história dos bordados da Madeira, uma fuga à fome ("Em 1850, por iniciativa do governador José Silvestre Ribeiro, realizou-se uma exposição industrial no Funchal na qual figuravam trabalhos de bordado. Foi um sucesso tão grande que se repetiria na Exposição Universal de Londres no ano seguinte. Uma cidadã inglesa, Elizabeth Phelps, teve um papel importante na divulgação do bordado madeirense em Londres e promoveu as primeiras exportações, além de criar escolas de bordadeiras. Em breve os bordados chegavam aos Estados Unidos e depois à Alemanha. Em 1862 estavam registadas pouco mais de mil bordadeiras, que passariam a 30 mil em 1902 e 60 mil em 1962, no apogeu desta indústria." in Madeira, Uma Breve História), mas mais de ver uma fiadeira de linho a quem perguntei se causava dor. disse-me, enquanto os molhava, que os dedos rolavam. assim. nas costas o ronrom da roca eléctrica. e os licores doces e de cores, outra no rol de adjectivos como paciência, continuidade, minúcia. para chegar a um dia sonhado durante tanto tempo, a uma alegria indefinida, uma impressão de que as coisas ficaram momentaneamente melhores.
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Ana V.
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TAGS casa de pasto, Madeira, Mulheres
literatura madeirense
andei por aí bisbilhotando tomos antigos, seria assim mas é menos poético, como diria o Saramago no seu Elefante, andei por aí e cheguei à literatura madeirense, ou seja, aquela que deixou de ser local desde o início ou mesmo antes de ter começado. chama-se Herberto Hélder.
Há cidades cor de pérola onde as mulheres
Há cidades cor de pérola onde as mulheres
existem velozmente. Onde
às vezes param, e são morosas
por dentro. Há cidades absolutas,
trabalhadas interiormente pelo pensamento
das mulheres.
Lugares límpidos e depois nocturnos,
vistos ao alto como um fogo antigo,
ou como um fogo juvenil.
Vistos fixamente abaixados nas águas
celestes.
Há lugares de um esplendor virgem,
com mulheres puras cujas mãos
estremecem. Mulheres que imaginam
num supremo silêncio, elevando-se
sobre as pancadas da minha arte interior.
Há cidades esquecidas pelas semanas fora.
Emoções onde vivo sem orelhas
nem dedos. Onde consumo
uma amizade bárbara. Um amor
levitante. Zona
que se refere aos meus dons desconhecidos.
Há fervorosas e leves cidades sob os arcos
pensadores. Para que algumas mulheres
sejam cândidas. Para que alguém
bata em mim no alto da noite e me diga
o terror de semanas desaparecidas.
Eu durmo no ar dessas cidades femininas
cujos espinhos e sangues me inspiram
o fundo da vida.
Nelas queimo o mês que me pertence.
o minha loucura, escada
sobre escada.
MuIheres que eu amo com um des-
espero .fulminante, a quem beijo os pés
supostos entre pensamento e movimento.
Cujo nome belo e sufocante digo com terror,
com alegria. Em que toco levemente
Imente a boca brutal.
Há mulheres que colocam cidades doces
e formidáveis no espaço, dentro
de ténues pérolas.
Que racham a luz de alto a baixo
e criam uma insondável ilusão.
Dentro de minha idade, desde
a treva, de crime em crime - espero
a felicidade de loucas delicadas
mulheres.
Uma cidade voltada para dentro
do génio, aberta como uma boca
em cima do som.
Com estrelas secas.
Parada.
Subo as mulheres aos degraus.
Seus pedregulhos perante Deus.
É a vida futura tocando o sangue
de um amargo delírio.
Olho de cima a beleza genial
de sua cabeça
ardente: - E as altas cidades desenvolvem-se
no meu pensamento quente.
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TAGS Biblioteca de Babel, Madeira
nero di sepia
..
nero di sepia é a tinta preta das lulas
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Friday, January 2, 2009
não é bem dieta
mas quem tem bananas da Madeira, das verdadeiras, tem de as usar. esta vem do excelente livro Receitas Tradicionais Madeirenses de Júlio Pereira, que contradiz a ideia de que na Madeira só o bolo de mel, as espetadas e o peixe espada preto. muito mais e muito melhor, como imaginei logo que vi os caldeirões de sopa de trigo fumegando na redondeza do café Golden Gate, o grande, claro. juntei-lhe uma mão cheia de nozes, que alterou em muito o sabor, e retirei-lhe 50 gr de manteiga (cá está a parte saudável).
os novos sabores, em viagem, gostos, um via directa à infância de desconhecidos, às suas salas e às suas festas. da Madeira e para além da malvasia, bual, verdelho e sercial, vêm os infindáveis licores, a poncha e a segurelha (satureja montana), um oregão madeirense, uma caraway da ilha atlântica. a cada povo a sua erva. em belos modos de a usar, aqui. e um segredo para o tempo directamente de quem as vende: guardar em saco fechado dentro de frasco hermético. venho cheia de saquetas escrevinhadas à mão, em linha quase contínua do mercado dos lavradores. José C. E. Câmara. contribuinte e mais nada.
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1:23 AM
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TAGS casa de pasto, Madeira
Thursday, January 1, 2009
já deste lado do ano
entre o escuro e a claridade, ir descortinando veredas (soluções, resoluções, escapatórias). o terrorista já me fez rir esta manhã semi-tarde anestesiante, de novo e de novo, pelo menos hoje não discutimos café nem marcas, questões de semântica porque até não pensamos assim de modo tãão diferente. e cá estou, sentada no novo ano a olhar pela janela, luz apagada mas uma claridade aparvalhada lá fora, tendo duas ou três direcções numa bússula inquieta, uma ou duas certezas férreas e uma atlântida de incertezas. não querendo largar o jogo útil, passarei talvez de astrolábio a sextante, esse o desejo. as palavras não me servem mais. do último andar do condenado, nobre, sim posso usar nobre muitas vezes, as rendas gastas mas as maneiras polidas, do último andar do savoy, a vida parece mais vida.
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2:39 AM
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Wednesday, December 31, 2008
medo
há quem tenha um ou muitos, vários, há quem os enfrente e há quem nem sequer dá por eles. desejo um ano de 2009 enfrentando-os, por palavras, por vezes sem elas, realizar sem rede e mesmo que em campo aberto o que é preciso. ou o desejado ou o que não se pode adiar.
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