light gazing, ışığa bakmak

Wednesday, February 2, 2011

Roma, Città Aperta, R. Rossellini



ao que chegou o caminho da história. vendo Pina correr,  morta pelas costas numa estrada de pó, o seu filho sobre o seu corpo e os gritos - é só normal que um americano reaja a esta história com o desconforto de talvez se aperceber que, hoje, está o exército americano onde estava o alemão. a cara de Magnani ecoa na Guernica como em tantas outras mulheres, ou cavalos, de Picasso. esses olhos abertos, o grito, a corrida, o levantar dos braços - representantes da indignação do espectador - estão hoje ausentes num novo espectador convivente com a violência e a virtualidade das imagens, os jogos e a euforia de poder dizer tudo e ver tudo. enquanto eles morrem ali é agora um facto incorporado na vida quotidiana.

os diálogos do velho acamado falam Fellini.
as crianças do prédio lembram-me as de Haneke do Laço Branco, mas não por semelhança.
nesta cidade não há ervas aromáticas. o que mais me move, tanto neste ícone do cinema como no melodrama de Douglas Sirk, são os motivos e as condições físicas das suas filmagens.

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para ler, a mudez do mundo na escola de domingo.

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