light gazing, ışığa bakmak

Monday, November 12, 2007

Cinanima 2007: O que é uma mulher

Estreante no Cinanima, contei os dias até visitar o Pavilhão Multiusos/arca marítima de Espinho. Gostei dos filmes, surpreendi-me com alguns aspectos não relacionados com os filmes mas que acabam por pesar na "experiência" de visitar um Festival desta natureza.

O bom: a qualidade do Pavilhão Multiusos, muito bonito e muito funcional. A qualidade dos filmes. O destaque dado ao Festival em todo o comércio de Espinho. A exposição que decorria em paralelo, gostei muito de ver os desenhos de Miguelanxo Prado e de José Pedro Cavalheiro. Ter lugar para estacionar o carro...
O menos bom: haver crianças muito pequenas a assistir aos filmes vencedores que eram, claramente, para adultos. Mostrarem o vencedor no final da sequência, seria talvez melhor terminar a mostra com um "comic relief" como foi o filme "Sleeping Betty". A sala não estar cheia nem absolutamente esgotada há pelo menos 3 semanas!

Os filmes vencedores foram:

Grande Prémio Cinanima 2007 e Prémio RTP2 - Onda Curta:
"The Pearce Sisters", de Luis Cook (Reino Unido)
"Madame Tutli-Putli", de Chris Lavis e Maciek Szczerbowski (Canadá)
Prémio Especial do Júri / Prémio Cidade de Espinho:
"Le Loup Blanc", de Pierre-Luc Granjon (França).
Prémio Curtas Metragens:
"The Dress", de Jelena Girlin e Mari-Liis Bassovskajá, da Estónia.
Prémio Médias Metragens:
"Down the Road", de Rune Christensen, da Dinamarca.
Prémio Primeiro Filme ou Filme de Estudos:
"Foolish Girl", de Zojya Kireeva, da Rússia.
Prémio para Séries ou Filmes para Televisão:
"Tales of the Old Piano - Ludwig van Beethoven", de Vladimir Petkevich, da Rússia.
Prémio José Abel (pela qualidade da animação):
"Jeu", de Georges Schwizgebel, da Suiça.
Grande Prémio Tóbis (produtor do melhor filme português):
"Cândido", de José Pedro Cavalheiro, de Portugal.
Prémio Longa Metragem:
"O Assassino de Montmartre", de Borislav Sajtinac, da França
Prémio Jovem Cineasta Português:
"Um Mundo Melhor", das Crianças das Oficinas da Anilupa,, Portugal e
"Yulunga", de Cristiano Mourato, Portugal.
Prémio Melhor Banda Sonora Original:
"The Tale of How", de The Blackheart Gang, da França.
Prémio António Gaio:
"Cândido", de José Pedro Cavalheiro, de Portugal.
Prémio do Público:
"Sleeping Betty", de Claude Clotier.
Prémio Alves Costa:
"Madame Tutli-Putli", de Chris Lavis e Maciek Szczerbowski (Canadá)

Gostei muito dos dois vencedores. Gostei ainda de "The Dress", um pouco gótico, mas que surpreendia, e gostei dos desenhos de "Cândido", de Zepe, o copo estrelicado em cima da mesa, as carnes da mulher do rabo-de-cavalo... (aqui, um pouco do filme anterior de Zepe, "Stuart")

E cortando direito para os vencedores:

"The Pearce Sisters" de Luis Cook.

Aqui, a página do filme: "An amusingly bleak hearted tale of two weather lashed old spinsters. lol and edna pearce live on a remote and austere strip of coast. they scrape out a miserable existence from the sea. the pearce sisters is a tale of love, loneliness, guts, gore, nudity, violence, smoking and cups of tea."





"Madame Tutli-Putli", de Chris Lavis e Maciek Szczerbowski (NFBC).



Aqui, o site do filme, vale a pena. E, também no You Tube, "Animating Madame Tutli-Putli" (dois anos de trabalho, sem fins-de-semana...), "Madame Tutli-Putli: Making Of", "Finding Madame Tutli-Putli", "Madame Tutli-Putli: Inspiration" e "Madame Tutli-Putli Animatic".

"The National Film Board of Canada presents a stunning, stop-motion animated film that takes the viewer on an exhilarating existential journey. The film introduces groundbreaking visual techniques and is supported by a haunting and original score. Painstaking care and craftsmanship in form and detail bring to life a fully imagined, tactile world unlike any you have seen."





O que é uma mulher, talvez a pergunta que me ficou depois deste Cinanima 2007. As personagens e as perspectivas femininas dominaram nos filmes vencedores: a sobrevivência de duas mulheres solitárias atarefadas num quotidiano duro, a mulher que carrega um mundo de objectos e que receia viajar só, o mundo feminino e caseiro das crianças que brincam, um Cândido manipulador, a construção de um vestido. Os filmes enchem-se de cenas do rame-rame caseiro, o olhar com pormenor, os grandes planos de objectos corriqueiros, os interiores, o mundo infantil e o mundo exterior olhado através da emoção da personagem, tudo modos do funcionar feminino, mesmo que, claro (pois que é irrelevante), os filmes tenham sido feitos e imaginados por homens. Uma nova libertação do género e um vento muito fresco a destronar o imaginário tradicional.

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