um road movie muito europeu, uma homenagem a Jacques Tati, a condição ridícula da vida, o dizer estou farto (Thelma and Louise, Falling Down, os fartos americanos matam), a claustrofobia da vida quotidiana e até um pouco do pobre Eat, Love, Pray. com tantas semelhanças, esta segunda-feira vai mais longe e é única. (o movimento e os ambientes atulhados e escuros, plantas e milhares de objectos que impedem a passagem) este aventureiro da estrada retorna igual ao que era quando partiu. aqui não há, seguramente, nem cinderelas nem finais felizes.
("Iosseliani is a brilliantly funny, understated satirist and deadpan absurdist.", diz Groggo numa crítica no IMDB)
sobre ele disse Iosseliani: "When I made the film with my crew and cast, there was no real subject matter, no clear guiding line. But this lack of reflective elements feeds the reflection of the author. With this film, I wanted the audience to feel and wonder: "What is life? What is the process of living?" Everyone knows that life can be boring, monotonous, at work, in the family, anywhere. It's hard to make both ends meet, to raise children... And the thing that we all have in common is that we're always thinking about holidays. And then we all head into holidays at the same time, creating huge traffic jams on the roads... It's a real nightmare. Because everyone wants to reach as soon as possible an eventful elsewhere.
So with this film, I tried to create a kind of parable about a man who cannot bear his way of life anymore. And he decides to quit everything he knows to reach out to something else. He doesn't leave in order to quit his environment for good. He knows that his wife will remain faithful to him in his absence, knitting like Penelope. But his wife is like a tiresome weight, his neighbours are tiresome too, his children don't like him very much because he's always absent. So he leaves and finds a little paradise for some time. And the core matter of the film is that he discovers that the situation is everywhere the same." (daqui)
crítica no Independent.
não se brinque: basta olhar para cada imagem para entender a sua perfeição. todos os sinais da história estão presentes, as cores são exactas, como a origem da luz ou luzes, o equilíbrio entre o que é humano e tudo o resto, a caracterização da personagem, uma pessoa ou uma sociedade pelos seus objectos, os sonhos e as ilusões de cada um. não as vejo exageradas nem kitsch nem demasiadamente silly (isto é silly).
no liceu tínhamos que ler as Viagens na Minha Terra e aprender que na narrativa tem de haver introdução, desenvolvimento, clímax e resolução. isso é silly e nem consigo apreender o mal que causou a implantação dessa estrutura no pensamento de uma geração inteira. pior ainda é perpetuar-se até hoje essa prática.
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