depois de muita espera, finalmente ver Saraband e sair com um sorriso depois de uma história que se desenrola com lágrimas em cada um dos dez andamentos. um tipo de estrutura baseado em variações sobre um ou vários temas e que sempre preferi a todos os outros ("Bergman has described Saraband as "a concerto grosso, a concert for full orchestra - only… with four soloists", aqui). vi-a recentemente, embora alargada a 59 variações ou vozes, em Faulkner. imagens e personagens à beira da própria existência e que podemos ver como quase nunca: a chama mais interior, a que nos move.
para os olhos: a beleza intensa, o controlo total de todas as cores em cada imagem, a perfeição da luz, sombras, os claros e os escuros que se distribuem no rectângulo luminoso como se não houvesse nenhum outro modo, uma simetria escondida de formas. na sala de jantar onde mora o relógio com o cuco, a roupa é azul, um pouco mais escuro do que o azul gasto das cadeiras. no patamar ao cimo das escadas é sempre vermelha escura ou ocre a roupa, o mesmo tom das paredes e a sugestão de um degrau mais íntimo, escondido, pessoal. é com os pés na água negra da floresta (água e floresta são sempre Tarkovsky para mim) que Karin enfrenta finalmente a perda da mãe, água nascimento e morte. o ódio pai-filho convenientemente localizado numa das mais impressionantes bibliotecas pessoais que tenho visto no cinema (não seria mau coleccioná-las) à luz artificial de um candeeiro que é destruído no final da cena; o amor pai-filho convenientemente localizado numa pequena capela por onde entra a luz do dia ou a luz que cada pessoa quer ver. o que somos: uma mesa coberta de fotos. o que somos (2): esse momento em que se toca o outro, a cara de Martha.
desvalorizado por Sebald num passado sob diferentes moralidades, li no entanto esse momento ainda esta manhã, em que gostei da imagem da lua-luz que passa: "remonta a um tempo em que mulheres e homens ainda não se ligavam como casais, mas brilhavam de vez em quando no céu uns dos outros, um pouco como a Lua, que nem sempre se vê." Sebald no capítulo que dedica a Mörike n'O Caminhante Solitário. julguei que esta frase cabia bem em Saraband e, bem, no universo em geral.
que é preciso dizer: "Liv Ullmann is able to convey more complexity of emotion and thought when listening to and watching others than most actors can when in full flight.", também daqui.
"Cello Suite no. 5 in C Minor, Movement 4: Saraband"
Composed by Johann Sebastian Bach
"Trio Sonata for Organ no. 1 in E Flat Major, Movement 1: Allegro"
Composed by Johann Sebastian Bach
"Symphony no. 9 in D Minor, Movement 2: Scherzo"
Composed by Anton Bruckner
Performed by The Swedish Radio Symphony Orchestra
Conducted by Herbert Blomstedt
"Organ Chorale", BWV 1117
Composed by Johann Sebastian Bach
"String Quartet no. 1 in C Minor, Opus 51"
Composed by Johannes Brahms
Performed by The Alban Berg Quartet
"Piano Quintet in E-flat Major, Opus 44"
"Second movement: Un Poco Largamente (In Moda d'una Marcia)"
Composed by Robert Schumann
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brinde foi a Medeia ter oferecido o DVD de Saraband a quem o foi ver no cinema.
[é tão engraçado o resumo da 'história' na caixa do filme.]
- -"The title evokes the beautiful cello suite by Bach. A saraband is actually a dance for couples. It's described as very erotic and was banned in 16th-century Spain. It eventually became one of the four set dances in baroque instrumental suites, first as the last movement and later as the third. The film follows the structure of the saraband: there are always two people who meet. In ten scenes and an epilogue."
desta entrevista com Bergman.
e uma entrevista com Ullmann. interessante apesar da idiotice do entrevistador.
filmes que não vou ver: Eat não sei quê Pray. encontro de irmãos, ou parecido, "sobre"-ahah o Afeganistão. os preview que tiveram a má ideia de pôr a anteceder este filme.
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