light gazing, ışığa bakmak

Friday, March 2, 2012

the artist (1)



verdade que a primeira parte de Hugo é muito bela, de inúmeros pontos de vista: a nostalgia pela era mecânica, todas as ideologias românticas da perfeição e do clockwork, não como o vemos hoje, mas no sentido do aprendiz; a inocência perdida, o optimismo anterior à guerra; a inocência até das máquinas e das invenções humanas, outro tempo antes da expulsão do paraíso.

Hugo deve a sua existência a Georges Méliès e a Brian Selznick. Méliès é o artista a quem se presta homenagem (algo perverso nestas homenagens, que embora desenterrem glórias do passado, também delas se servem). Selznick é o artista a quem é negado o reconhecimento, de certo modo, já que o crédito da história, dentro da história, vai para a personagem 'livreiro-literária' (sem sentido: um livro de imagens que origina este filme é substituído por uma origem fingida de alguém extremamente wordy). são deslumbrantes os locais de livros neste filme, o livreiro e a biblioteca, instituições em risco de extinção na forma tradicional. olhando para isto é necessário perguntar: queremos o fim deste mundo? para ele há apenas a saudade ou é possível guardá-lo ainda por algum tempo--                
eu- estou certa que é possível. somos milhões de amadores.

pode ser que a beleza soe a verdade. neste filme, tal como em outros como este que seguem o mais tradicional esquema de desenvolvimento, pico, desenlace, a primeira parte é a da estética, a última a da moral, da lição e do pathos emocional. não há novidade, pelo contrário.
(a invenção neste filme Hugo é, ironicamente, tecnológica. a invenção que deu vida à história Hugo foi a dos desenhos de Selznick e dos filmes de Méliès)

a colecção de imagens de Méliès persegue a mesma saudade do cinema espectáculo, do cinema-família, evento social marcante das pequenas comunidades pré-guerra que vimos na colecção de beijos de Cinema Paradiso.

apesar dos pesares, amei -tal como esperava.




a criação de sonhos, o mundo da magia. Méliès chamado a assumir a paternidade (e emprestar legitimidade) do/ao cinema que se faz na América.
et pourquoi pas.

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