"Un mundo de murmullos, de evocaciones, de amarguras. Un mundo en el que se cobijan los duendes. Es indudable la dificultad de acceder a esos mundos para quien acostumbra a leer a Ken Follet, pero quien lo logra disfruta en cada párrafo, en cada renglón.", diz Joxerra Bustillo Kastrexana.
light gazing, ışığa bakmak
Wednesday, February 13, 2013
Sunday, February 26, 2012
eh
"Ouvi os cães a ladrar, como se eu os tivesse acordado.
Vi um homem atravessar a rua:
— Eh, tu! — chamei.
- Eh, tu! — respondeu-me a minha própria voz."
Juan Rulfo em Pedro Páramo.
Publicado por
Ana V.
às
10:08 PM
0
comentários
TAGS Juan Rulfo
Wednesday, February 22, 2012
queixume
— Já ouviste o queixume de um morto? — perguntou-me.
— Não, dona Eduviges.
— Melhor para ti.
Juan Rulfo em Pedro Páramo.
Publicado por
Ana V.
às
11:11 PM
0
comentários
Thursday, February 9, 2012
s/n
fiz um mar e virei-me de cabeça para baixo durante um quarto de hora, o que não foi mal pensado.
todos os dias são um resistir.
Publicado por
Ana V.
às
10:47 PM
0
comentários
TAGS Juan Rulfo, Stuff
Sunday, February 5, 2012
Juan Rulfo (2)
"De modo que eu já era um escritor com cinco livros clandestinos. Mas o meu problema não era esse, pois nem então, nem nunca, eu tinha escrito para ser famoso, mas sim que os meus amigos gostassem mais de mim, e julgava ter conseguido isso. O meu grande problema como romancista era o facto de, depois daqueles livros, me sentir num beco sem saída, e procurava por toda a parte uma brecha para escapar. Eu conhecia bem os autores, bons e maus, que teriam podido mostrar-me o caminho e, no entanto, sentia-me a andar em círculos concêntricos. Não me considerava esgotado. Pelo contrário: sentia que ainda me restavam muitos livros pendentes, mas não concebia um modo convincente e poético de os escrever. Estava eu nisto, quando Álvaro Mutis subiu, a passos largos, os sete pisos da minha casa com um pacote de livros, separou do monte o mais pequeno e curto e me disse, morto de riso:
- Leia isto, carago, para que aprenda!
Era Pedro Páramo.
Nessa noite não consegui adormecer enquanto não terminei a segunda leitura. Nunca, desde a noite tremenda em que li a Metamorfose de Kafka numa lúgubre pensão de estudantes em Bogotá - quase dez anos antes - , eu sofrera semelhante comoção. No dia seguinte, li A planície em chamas e o assombro permaneceu intacto. Muito depois, na sala de espera de um consultório, encontrei uma revista médica com outra obra-prima desirmanada: La herencia de Matilde Arcángel. Durante o resto daquele ano não consegui ler nenhum outro autor, porque todos me pareciam menores.
Não saíra ainda completamente do deslumbramento quando alguém disse a Carlos Velo que eu era capaz de recitar de cor parágrafos inteiros de Pedro Páramo. A verdade ia mais longe: podia recitar o livro inteiro, de trás para a frente e de frente para trás, sem um erro significativo, e podia dizer em que página da minha edição se encontrava cada episódio e não havia um só traço do carácter de uma personagem que eu não conhecesse a fundo.
Gabriel García Márquez em "Prefácio" a O Galo de Ouro e outros textos dispersos, de Juan Rulfo, na edição da Cavalo de Ferro.
Publicado por
Ana V.
às
12:59 AM
0
comentários
Wednesday, February 1, 2012
o maior 'pecado' de um ebook (2)
(não poder ser dado e não ter passado)
um exemplo prático porque há sempre gente que prefere as soluções concretas, coisas que se vejam. hoje acordei a pensar que quero ler o Pedro Paramo.
kindle não há.
fnac não há.
na biblioteca não há.
podia ler aqui, em espanhol, mas quero português ou inglês.
e além disso... quero o livro na minha mão.
com as novas definições do kindle, se eu conseguisse deitar a mão a uma qualquer versão do livro (em .doc ou .pdf, o que fosse), eu podia enviá-lo para o meu kindle e lê-lo como qualquer outro livro que eu tenha comprado à amazon (preço fixo agora nos 13$, quase todos os ebooks, contra preços muito baixos no início). as implicações morais -e sociais- de tudo isto não acabam. quem é que eu quero ser? e como é que as minhas escolhas afectam a vida de terceiros?
mas atenção - para ficar claro - eu não preciso de ajuda a encontrar o livro (seria triste, afinal, com esta idade). este foi apenas um exemplo prático da inutilidade da loja virtual. porque quando eu quero mesmo qualquer coisa, ligo para a Pó dos Livros. a não ser que seja Poesia.
Publicado por
Ana V.
às
6:06 PM
0
comentários
TAGS bookstores, Juan Rulfo, Stuff
Tuesday, January 31, 2012
Juan Rulfo
isto é: desejo com mais de um ano.
curiosidades:
"Saramago era un Juan Rulfo portugués"
"Ni Paz, ni Saramago, ni Rulfo pasarán de moda"
Publicado por
Ana V.
às
7:23 PM
0
comentários
TAGS Juan Rulfo, Saramago
'Macario', Juan Rulfo
I am sitting by the sewer waiting for the frogs to come out. While we were having supper last night they started making a great racket and they didn't stop singing till dawn. Godmother says so too--the cries of the frogs scared her sleep away. And now she would really like te sleep. That's why she ordered me to sit here, by the sewer, with a board in my hand to whack to smithereens every frog that may come hopping out - Frogs are green all over except on the belly. Toads are black. Godmother's eyes are also black. Frogs make good eating. Toads don’t. People just don’t eat toads. People don’t, but I do, and they taste just like frogs. Felipa is the one who says it’s bad to eat toads. Felipa has green eyes like a cat’s eyes. She feeds me in the kitchen whenever I get to eat. She doesn't want me to hurt frogs. But then Godmother is the one who orders me to do things - I love Felipa more than Godmother. But Godmother is the one who takes money out of her purse so Felipa can buy all the food. Felipa stays alone in the kitchen cooking food for the three of us. Since l’ve known her, that’s all she does. Washing the dishes is up to me. Carrying in wood for the stove is my job too. Then Godmother is the one who dishes out food to us. After she has eaten, she makes two little piles with her hands, one for Felipa, the other for me. But sometimes Felipa doesn’t feel like eating and then the two little piles are for me. That’s why I love Felipa, because I’m always hungry and I never get filled up -never, not even when I eat up her food. They say a person does get filled up eating, but I know very well that I don’t even though I eat all they give me. And Felipa knows it too - They say in the street that I’m crazy because I never stop being hungry. Godmother has heard them say that. I haven't. Godmother won't let me go out alone on the street. When she takes me out, it’s to go to church to hear Mass. There she sets me down next to her and ties my hands with the fringe of her shawl. I don’t know why she ties my hands, but she says it’s because they say I do crazy things. One day they found me hanging somebody; I was hanging a lady just to be doing it. I don’t remember. But then Godmother is the one who says what I do and she never goes about telling lies. When she calls me to eat, it’s to give me my part of the food. She’s not like other people who invite me to eat with them and then when I get close throw rocks at me until I run away without eating anything. No, Godmother is good to me. That's why I'm content in her house. Besides, Felipa lives here. Felipa is very good to me. That’s why I love her - Felipa’s milk is as sweet as hibiscus flowers. I’ve drunk goat’s milk and also the milk of a sow that had
recently had pigs. But no, it isn’t as good as Felipa’s milk - Now it’s been a long time since she has let me nurse the breasts that she has where we just have ribs, and where there comes out, if you know how to get it, a better milk than the one Godmother gives us for lunch on Sundays - Felipa used to come every night to the room where I sleep, and snuggle up to me, leaning over me or a little to one side. Then she would lix her breasts so that I could suck the sweet, hot milk that came out in streams on my tongue - Many times I’ve eaten hibiscus flowers to try to forget my hunger. And Felipa’s milk had the same flavor, except that I liked it better because, at the same time that she let me nurse, Felipa would tickle me all over. Then almost always she would stay there sleeping by me until dawn. And that was very good for me, because I didn’t worry about the cold and I wasn’t afraid of being damned to hell if I died there alone some night- Sometimes I’m not so afraid of hell. But sometimes I am. And then I like to scare myself about going to hell any day now, because my head is so hard and I like to bang it against the first thing I come across. But Felipa comes and scares away my fears. She tickles me with her hands like she knows how to do and she stops that fear of mine that I have of dying. And for a little while I even forget it - Felípa says, when she feels like being with me, that she will tell the Lord all my sins. She will go to heaven very soon and will talk with Him, asking Him to pardon me for all the great wickedness that fills my body from head to toe. She will tell Him
to pardon me so I won’t worry about it any more. That’s why she goes to confession every day. Not because she’s bad, but because I’m full of devils inside, and she has to drive them out of my body by oonfessing for me. Every single day. Every single afternoon of every single day. She will do that favor for me her whole life. That’s what Felipa says. That’s why I love her so much - Still, having a head so hard is the great thing. I bang it against the pillars of the corridor hours on end and nothing happens to it. It stands banging and doesn't crack. I bang it against the floor - first slowly, then harder - and that sounds like a drum. Just like the drum that goes with the wood flute when I hear them through the window of the church, tied to Godmother, and hearing outside the boom boom of the drum - And Godmother says that if there are chinches and cockroaches and scorpions in my room ít’s because I’m going to burn in hell if I keep on with this business of banging my head on the floor. But what I like is to hear the drum. She should know that. Even when I’m in church, waiting to go out soon into the street to see why the drum is heard from so far away, deep inside the church and above the damning of the priest- “The road of good things is filled with light. The road of bad things is dark." That's what the priest says - I get up and go out of my room while it’s still dark. I sweep the street and I go hack in my room before daylight grabs me. On the street things happen. There are lots of people who will hit me on the head with rocks as soon as they see me. Big sharp rocks rain from every side. And then my shirt has to be mended and I have to wait many days for the scabs on my face or knees to heal. And go through having my hands tied again, because if I don’t they’1l hurry to scratch off the scabs and a stream of blood will come out again. Blood has a good flavor too, although it ísn’t really like the flavor of Felipa’s milk - That’s why I always live shut up in my house - so they won’t throw rocks at me. As soon as they feed me I lock myself in my room and bar the door so my sins won’t ñnd me out, because it’s dark. And I don’t even light the torch
to see where the cockroaches are climbing on me. Now I keep quiet. I go to bed on my sacks, and as soon as I feel a cockroach walking along my neck with its scratchy feet I give it a slap with my hand and squash it. But I don’t light the torch. I’m not going to let my sins catch me off guard with my torch lit looking for cockroaches under my blanket - Cockroaches pop like firecrackers when you mash them. I don’t know whether crickets pop. I never kill crickets. Felipa says that crickets always make noise so you can’t hear the cries of souls suffering in purgatory. The day there are no more crickets the world will he filled with the screams of holy souls and we’ll all start running scared out of our wits. Besides, I like very much to prick my ears up and listen to the noise of the crickets. There are lots of them in my room. Maybe there are more crickets than cockroaches among the folds of the sacks where I sleep. There are scorpions too. Every once in a while they fall from the ceiling and I have to hold my breath until they’ve made their way to reach the floor. Because if an arm moves or one of my bones begins to tremble, I feel the burn of the sting right away. That hurts. Once Felipa got stung on the behind by one of them. She started moaning and making soft little cries to the Holy Virgin that her behind wouldn't be ruined. I rubbed spit on her. All night I spent rubbing spit on her and praying with her, and after a while, when I saw that my spit wasn’t making her any better, I also helped her to cry with my eyes all that I could - Anyway, I like it better in my room than
out on the street, attracting the attention of those who love to throw rocks at people. Here nobody does anything to me. Godmother doesn’t even scold me when she sees me eating up her hibiscus flowers, or her myrtles, or her pomegranates. She knows how awfully hungry I am all the time. She knows that I’m always hungry. She knows that no meal is enough to up my insides, even though I go about snitching things to eat here and there all the time. She knows that I gobble up the chick-pea slop I give to the fat pigs and the dry-com slop I give to the skinny pigs. So she knows how hungry go around from the time I get up until the time I go to bed. And as long as I ñnd something to eat here in this house I’11 stay here. Because I think that the day I quit eating I'm going to die, and then I’11 surely go straight to hell. And nobody will get me out of there, not even Felipa, who is so good to me, or the scapular that Godmother gave to me and that I wear hung around my neck - Now I'm by the sewer waiting for the frogs to come out. And not one has come out all this while I've been taking. If they take much longer to come out I may go to sleep and then there won't be any way to kill them and Godmother won't be able to sleep at all if she hears them singing and she'll get very angry. And then she’11 ask one of that string of saints she has in her room to send the devils after me, to take me off to eternal damnation, right now, without even passing through purgatory, and then I won’t be able to see my papa or mamma, because that’s where they are - So I just' better keep on talking - What I would
really like to do is take a few swallows of Felipa’s milk, that good milk as sweet as honey that cornes from under the hibiscus flowers -
- - -
Estoy sentado junto a la alcantarilla aguardando a que salgan las ranas. Anoche, mientras estábamos cenando, comenzaron a armar el gran alboroto y no pararon de cantar hasta que amaneció. Mi madrina también dice eso: que la gritería de las ranas le espantó el sueño. Y ahora ella bien quisiera dormir. Por eso me mandó a que me sentara aquí, junto a la alcantarilla, y me pusiera con una tabla en la mano para que cuanta rana saliera a pegar de brincos afuera, la apalcuachara a tablazos... Las ranas son verdes de todo a todo, menos en la panza. Los sapos son negros. También los ojos de mi madrina son negros. Las ranas son buenas para hacer de comer con ellas. Los sapos no se comen; pero yo me los he comido también, aunque no se coman, y saben igual que las ranas. Felipa es la que dice que es malo comer sapos. Felipa tiene los ojos verdes como los ojos de los gatos. Ella es la que me da de comer en la cocina cada vez que me toca comer. Ella no quiere que yo perjudique a las ranas. Pero, a todo esto, es mi madrina la que me manda a hacer las cosas... Yo quiero más a Felipa que a mi madrina. Pero es mi madrina la que saca el dinero de su bolsa para que Felipa compre todo lo de la comedera. Felipa sólo se está en la cocina arreglando la comida de los tres. No hace otra cosa desde que yo la conozco. Lo de lavar los trastes a mí me toca. Lo de acarrear leña para prender el fogón también a mí me toca. Luego es mi madrina la que nos reparte la comida. Después de comer ella, hace con sus manos dos montoncitos, uno para Felipa y otro para mí. Pero a veces Felipa no tiene ganas de comer y entonces son para mí los dos montoncitos. Por eso quiero yo a Felipa, porque yo siempre tengo hambre y no me lleno nunca, ni aun comiéndome la comida de ella. Aunque digan que uno se llena comiendo, yo sé bien que no me lleno por más que coma todo lo que me den. Y Felipa también sabe eso... Dicen en la calle que yo estoy loco porque jamás se me acaba el hambre. Mi madrina ha oído que eso dicen. Yo no lo he oído. Mi madrina no me deja salir solo a la calle. Cuando me saca a dar la vuelta es para llevarme a la iglesia a oír misa. Allí me acomoda cerquita de ella y me amarra las manos con las barbas de su rebozo. Yo no sé por qué me amarra mis manos; pero dice que porque dizque luego hago locuras. Un día inventaron que yo andaba ahorcando a alguien; que le apreté el pescuezo a una señora nada más por nomás. Yo no me acuerdo. Pero, a todo esto, es mi madrina la que dice lo que yo hago y ella nunca anda con mentiras. Cuando me llama a comer, es para darme mi parte de comida, y no como otra gente que me invitaba a comer con ellos y luego que me les acercaba me apedreaban hasta hacerme correr sin comida ni nada. No, mi madrina me trata bien. Por eso estoy contento en su casa. Además, aquí vive Felipa. Felipa es muy buena conmigo. Por eso la quiero... La leche de Felipa es dulce como las flores del obelisco. Yo he bebido leche de chiva y también de puerca recién parida; pero no, no es igual de buena que la leche de Felipa... Ahora ya hace mucho tiempo que no me da a chupar de los bultos esos que ella tiene donde tenemos solamente las costillas, y de donde le sale, sabiendo sacarla, una leche mejor que la que nos da mi madrina en el almuerzo de los domingos... Felipa antes iba todas las noches al cuarto donde yo duermo, y se arrimaba conmigo, acostándose encima de mí o echándose a un ladito. Luego se las ajuareaba para que yo pudiera chupar de aquella leche dulce y caliente que se dejaba venir en chorros por la lengua... Muchas veces he comido flores de obelisco para entretener el hambre. Y la leche de Felipa era de ese sabor, sólo que a mí me gustaba más, porque, al mismo tiempo que me pasaba los tragos, Felipa me hacia cosquillas por todas partes. Luego sucedía que casi siempre se quedaba dormida junto a mí, hasta la madrugada. Y eso me servía de mucho; porque yo no me apuraba del frío ni de ningún miedo a condenarme en el infierno si me moría yo solo allí, en alguna noche... A veces no le tengo tanto miedo al infierno. Pero a veces sí. Luego me gusta darme mis buenos sustos con eso de que me voy a ir al infierno cualquier día de éstos, por tener la cabeza tan dura y por gustarme dar de cabezazos contra lo primero que encuentro. Pero viene Felipa y me espanta mis miedos. Me hace cosquillas con sus manos como ella sabe hacerlo y me ataja el miedo ese que tengo de morirme. Y por un ratito hasta se me olvida... Felipa dice, cuando tiene ganas de estar conmigo, que ella le cuenta al Señor todos mis pecados. Que irá al cielo muy pronto y platicará con Él pidiéndole que me perdone toda la mucha maldad que me llena el cuerpo de arriba abajo. Ella le dirá que me perdone, para que yo no me preocupe más. Por eso se confiesa todos los días. No porque ella sea mala, sino porque yo estoy repleto por dentro de demonios, y tiene que sacarme esos chamucos del cuerpo confesándose por mí. Todos los días. Todas las tardes de todos los días. Por toda la vida ella me hará ese favor. Eso dice Felipa. Por eso yo la quiero tanto... Sin embargo, lo de tener la cabeza así de dura es la gran cosa. Uno da de topes contra los pilares del corredor horas enteras y la cabeza no se hace nada, aguanta sin quebrarse. Y uno da de topes contra el suelo; primero despacito, después más recio y aquello suena como un tambor. Igual que el tambor que anda con la chirimía, cuando viene la chirimía a la función del Señor. Y entonces uno está en la iglesia, amarrado a la madrina, oyendo afuera el tum tum del tambor... Y mi madrina dice que si en mi cuarto hay chinches y cucarachas y alacranes es porque me voy a ir a arder en el infierno si sigo con mis mañas de pegarle al suelo con mi cabeza. Pero lo que yo quiero es oír el tambor. Eso es lo que ella debería saber. Oírlo, como cuando uno está en la iglesia, esperando salir pronto a la calle para ver cómo es que aquel tambor se oye de tan lejos, hasta lo hondo de la iglesia y por encima de las condenaciones del señor cura...: "El camino de las cosas buenas está lleno de luz. El camino de las cosas malas es oscuro." Eso dice el señor cura... Yo me levanto y salgo de mi cuarto cuando todavía está a oscuras. Barro la calle y me meto otra vez en mi cuarto antes que me agarre la luz del día. En la calle suceden cosas. Sobra quién lo descalabre a pedradas apenas lo ven a uno. Llueven piedras grandes y filosas por todas partes. Y luego hay que remendar la camisa y esperar muchos días a que se remienden las rajaduras de la cara o de las rodillas. Y aguantar otra vez que le amarren a uno las manos, porque si no ellas corren a arrancar la costra del remiendo y vuelve a salir el chorro de sangre. Ora que la sangre también tiene buen sabor aunque, eso sí, no se parece al sabor de la leche de Felipa... Yo por eso, para que no me apedreen, me vivo siempre metido en mi casa. En seguida que me dan de comer me encierro en mi cuarto y atranco bien la puerta para que no den conmigo los pecados mirando que aquello está a oscuras. Y ni siquiera prendo el ocote para ver por dónde se me andan subiendo las cucarachas. Ahora me estoy quietecito. Me acuesto sobre mis costales, y en cuanto siento alguna cucaracha caminar con sus patas rasposas por mi pescuezo le doy un manotazo y la aplasto. Pero no prendo el ocote. No vaya a suceder que me encuentren desprevenido los pecados por andar con el ocote prendido buscando todas las cucarachas que se meten por debajo de mi cobija... Las cucarachas truenan como saltapericos cuando uno las destripa. Los grillos no sé si truenen. A los grillos nunca los mato. Felipa dice que los grillos hacen ruido siempre, sin pararse ni a respirar, para que no se oigan los gritos de las ánimas que están penando en el purgatorio. El día en que se acaben los grillos, el mundo se llenará de los gritos de las ánimas santas y todos echaremos a correr espantados por el susto. Además, a mí me gusta mucho estarme con la oreja parada oyendo el ruido de los grillos. En mi cuarto hay muchos. Tal vez haya más grillos que cucarachas aquí entre las arrugas de los costales donde yo me acuesto. También hay alacranes. Cada rato se dejan caer del techo y uno tiene que esperar sin resollar a que ellos hagan su recorrido por encima de uno hasta llegar al suelo. Porque si algún brazo se mueve o empiezan a temblarle a uno los huesos, se siente en seguida el ardor del piquete. Eso duele. A Felipa le picó una vez uno en una nalga. Se puso a llorar y a gritarle con gritos queditos a la Virgen Santísima para que no se le echara a perder su nalga. Yo le unté saliva. Toda la noche me la pasé untándole saliva y rezando con ella, y hubo un rato, cuando vi que no se aliviaba con mi remedio, en que yo también le ayudé a llorar con mis ojos todo lo que pude... De cualquier modo, yo estoy más a gusto en mi cuarto que si anduviera en la calle, llamando la atención de los amantes de aporrear gente. Aquí nadie me hace nada. Mi madrina no me regaña porque me vea comiéndome las flores de su obelisco, o sus arrayanes, o sus granadas. Ella sabe lo entrado en ganas de comer que estoy siempre. Ella sabe que no se me acaba el hambre. Que no me ajusta ninguna comida para llenar mis tripas aunque ande a cada rato pellizcando aquí y allá cosas de comer. Ella sabe que me como el garbanzo remojado que le doy a los puercos gordos y el maíz seco que le doy a los puercos flacos. Así que ella ya sabe con cuánta hambre ando desde que me amanece hasta que me anochece. Y mientras encuentre de comer aquí en esta casa, aquí me estaré. Porque yo creo que el día en que deje de comer me voy a morir, y entonces me iré con toda seguridad derechito al infierno. Y de allí ya no me sacará nadie, ni Felipa, aunque sea tan buena conmigo, ni el escapulario que me regaló mi madrina y que traigo enredado en el pescuezo... Ahora estoy junto a la alcantarilla esperando a que salgan las ranas. Y no ha salido ninguna en todo este rato que llevo platicando. Si tardan más en salir, puede suceder que me duerma, y luego ya no habrá modo de matarlas, y a mi madrina no le llegará por ningún lado el sueño si las oye cantar, y se llenará de coraje. Y entonces le pedirá, a alguno de toda la hilera de santos que tiene en su cuarto, que mande a los diablos por mí, para que me lleven a rastras a la condenación eterna, derechito, sin pasar ni siquiera por el purgatorio, y yo no podré ver entonces ni a mi papá ni a mi mamá que es allí donde están... Mejor seguiré platicando... De lo que más ganas tengo es de volver a probar algunos tragos de la leche de Felipa, aquella leche buena y dulce como la miel que le sale por debajo a las flores del obelisco...
- -
Originalmente publicado en la revista América
Nº 48, junio, 1946
(El llano en llamas, 1953)
a planície em chamas, the burning plain
que me lembra Benjy Compson, claro.
uma pequena polémica: Faulkner, que Rulfo disse só ter lido mais tarde.
comparado também a Guimarães Rosa.
Publicado por
Ana V.
às
12:44 AM
0
comentários
Friday, January 27, 2012
Tuesday, November 30, 2010
Juan Rulfo
Pedro Páramo. o próximo será Garcia Bernal, por Alejandro Amenábar. (de Juan Rulfo.)
Publicado por
Ana V.
às
1:40 PM
0
comentários
TAGS Biblioteca de Babel, Juan Rulfo, O meu cinema é o meu cinema
Monday, November 29, 2010
"vales un pedacito de alma que no cambié por un lago de esmeraldas!..:"
um salto à Trama, a nova na mesma rua mas um pouco mais acima (as livrarias não se medem aos palmos) para passear por autores hispano-americanos. vim com Bioy Casares, Juan Rulfo, Ernesto Sábato, José Donoso e Miguel Angél Asturias na lista babélica. com a nota de The Book Depository, free delivery worldwide. e com um rabisco na Rayuela: várias ideias de paraíso perdido. já me tinha esquecido do que gosto de ver um livro com setas sublinhados notas desenhos traços e crescimento de post-it's.
ainda para mais: três velas de parabéns.
Publicado por
Ana V.
às
10:58 PM
0
comentários