Quem quer uma amazona? Robert Crumb. A imagem idealizada de uma mulher cavalona, dominante, fisicamente superior. Dominadora. Quem gosta destas mulheres?
A seguir trago partes de uma entrevista dada ao Guardian, em Março de 2005. Crumb e a mulher, Aline, falam das formas femininas de eleição do artista. Achei imensamente interessante.
"Crumb ouve calmamente, afecciosamente, enquanto Aline fala. Depois alguma coisa o faz reagir. Menciona o corpo de Serena Williams e eu digo que sim com a cabeça, que é um belo corpo, e ele sai disparado da sala como um rapaz excitado. Passado um momento, regressa com um caderno feito à mão. Mostra-me uma fotografia que lá colou de Williams envergando o seu equipamento preto justo. Analisa a imagem com uma paixão solta. "Só este rabo é biónico. Para além de tudo. Inacreditável. Imagina ter acesso a isto? diz ele na sua pequena voz cremosa, parte Woody Allen, parte Jack Nicholson. "Este tipo de mulher é pouco apreciada no mundo ocidental. Veja o tipo de mulheres que são empingidas pelos média".
"O que é engraçado é que ele desenha sempre o mesmo corpo", diz ela. "Algumas pessoas acham que isso não tem nada a ver com o seu gosto pessoal, simplesmente não entendem. Acham que ele não gosta de mulheres com aquele aspecto".
"Eu sempre tive um interesse muito grande neste tipo de anatomia feminina", diz Crumb. Diz-me que Aline é forte tanto fisicamente como mentalmente; o seu tipo de mulher. "Ela é muito dominante. Completamente um energia alpha. Eu sou apenas um indivíduo vacilante e ineficaz".
Aline abana a cabeça. "Eu não acho que sejas assim".
Crumb: "Sou, sim. Tudo o que é forte em mim foi para o meu trabalho".
Aline: "Eu acho que tens uma opinião muito forte e dominadora acerca do que pensas".
Crumb: "Isso é o meu trabalho. No mundo real, limito-me a vacilar."
Aline: "Não te preocupas muito, é só isso."
Crumb: "Preocupo-me, mas não consigo lutar. A Aline luta as minhas batalhas por mim."
Aline: "Bom, nós vivemos vidas separadas e temos tido várias aventuras que mantêm a nossa relação principal interessante. Mas temos sempre tido um compromisso muito forte entre nós em algum nível."
Crumb concorda entusiasticamente. "Somos boémios", diz com orgulho. O que quer ele dizer? "Não subscrevemos os valores burgueses padrão, vemos a possibilidade da vida ser aberta. As coisas são abertas."
Por vezes o que parece, é mesmo.
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Dossier no Guardian sobre Robert Crumb, vale a pena.
Site de Robert Crumb
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