Conheci um egípcio já de certa idade, muito moreno, pronúncia marcada de um sítio qualquer. Só mais tarde me disse que era egípcio. Que era de um país com cinco mil anos de história, com tantas coisas para ver que nem começava a enunciá-las. E de onde era eu? Da terra do sol, para onde os ingleses vão quando chega o verão. Eu prefiro Itália, diz. Todos os anos lá vou. E lá compro toda a minha roupa, para o resto do ano. Há muitos anos fiquei desempregado e disse à minha esposa: não te preocupes, vamos apanhar sol, relaxar um pouco, depois se verá o que a vida manda. Fui a um agente de viagens e fomos parar à Costa do Sol espanhola... Que desilusão! Tudo era inglês: peixe frito com batatas fritas, hambúrguer com batatas fritas, bife com batatas fritas! Queria comer o tradicional... Só ao fim de três dias encontrei um restaurante espanhol. Segui os alemães, que eles sabem sempre onde está tudo. Costumam estar bem preparados. Nunca mais fui a Espanha.
Este egípcio de Londres, residente há 24 anos, naturalizado há 28, ainda se diz egípcio. Quando nascemos já temos três coisas que não escolhemos: o nosso país, os nossos pais e a nossa religião. Discutir isto para quê? Gosto de viver aqui, sei com o que conto ao fim do dia. Quando volto ao Egipto vou cheio de saudade, mas ao fim de quinze dias... para mim chega, quero voltar para esta terra que me tem feito feliz.
A minha família queixa-se, ao telefone. Estão trinta e tal graus! Não se pode estar, não se pode dormir com o calor! Eu só digo: não sabem apreciar o que têm...
light gazing, ışığa bakmak
Tuesday, July 24, 2007
Caminhos cruzados: o egípcio
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