normalmente anda-se por aqui a fingir que se pensa alguma coisa, mas por vezes é-se obrigado a pensar mesmo a sério e o choque dessa obrigação confunde e abre novas perspectivas. e se se fizesse assim em vez desta maneira, e se o azul fosse verde. cansativa e estimulante, como pode ser olhar de novo para as coisas, assim também a Peça para Dois de Tennesse Williams a uma semana do fim no Cinearte.
saindo para o jardim de Santos por volta das dez da noite, vinha com vontade de entrar logo de seguida na primeira versão desta peça americana que aconteceu em Londres em 1967. ou a segunda, em Chicago, em 71, ou a terceira, finalmente em Nova Iorque em 75 (só por isto se vê em que lugar está Londres no mundo do palco). vontade, só para confirmar que esta versão de Rita Lello é excelente e no mesmo degrau de qualquer uma em qualquer lado. Rita Lello fez mais do que interpretar; traduziu-o e encenou. tal como no Inspector, também em cena, não encontrei defeitos em nada e qualidades em tudo. gostei do cenário, do guarda-roupa e das luzes [sempre achei que são elementos secundários em relação ao texto, defeito de formação, mas quando há defeito distraem, incomodam ou empobrecem].
o teatro dentro do teatro é sempre agradável para literatos e actores, a ilusão, a máscara, temas propícios a quem se dedica à ficção ou à representação, esta Peça para Dois, apesar da história invulgar, encaixa neste núcleo de quem se sente bem a discorrer sobre as camadas da realidade/personalidade. gostei de ver a linha de outro tema, o da normalidade, o que faz a natureza com a normalidade (já agora que falamos de Darwin) e onde se situa o desvio. aliás, o lugar do desvio tem estado mais ou menos em debate, até porque ainda hoje seguimos ideias falsamente optimistas do género selecção natural, questionadas neste texto. gostei ainda do início e do final, o medo horrível e sem descrição que se sente no fim, embora se esteja sentado numa cadeira de uma sala de teatro. outra linha, a palavra encarcerar, encarcerados, de casa-prisão para teatro-prisão depressa se salta para vida-prisão... e mais, aqui.
o teatro dentro do teatro é sempre agradável para literatos e actores, a ilusão, a máscara, temas propícios a quem se dedica à ficção ou à representação, esta Peça para Dois, apesar da história invulgar, encaixa neste núcleo de quem se sente bem a discorrer sobre as camadas da realidade/personalidade. gostei de ver a linha de outro tema, o da normalidade, o que faz a natureza com a normalidade (já agora que falamos de Darwin) e onde se situa o desvio. aliás, o lugar do desvio tem estado mais ou menos em debate, até porque ainda hoje seguimos ideias falsamente optimistas do género selecção natural, questionadas neste texto. gostei ainda do início e do final, o medo horrível e sem descrição que se sente no fim, embora se esteja sentado numa cadeira de uma sala de teatro. outra linha, a palavra encarcerar, encarcerados, de casa-prisão para teatro-prisão depressa se salta para vida-prisão... e mais, aqui.
um aparte: não vejo novelas e quase nenhuma televisão, pois, nunca tinha visto os actores Rita Lello e Pedro Giesta, conhecia apenas a voz dela, por vezes tão semelhante à voz da mãe que chega a confundir.
uma excelente encenação para um grande texto.
uma excelente encenação para um grande texto.
"As with Beckett, his new plays were abstract, with characters who were more the embodiment of an idea than real people and who might simply be named MAN and WOMAN or ONE and TWO. It seemed he no longer bothered with the dialogue for which he was famous, but wrote in unfinished sentences or let one character complete another's thought. There was none of the plot development—complications and climaxes—that had propelled his scenes; at times it was difficult to know when the play ended or what it was about. The plays of the sixties broke all the rules; they followed no chronological or biographical development; they would not fit into any one category; no two were necessarily alike." daqui.
e também:
"He had written his symphonies, he said; why couldn't he be allowed to write his chamber music? He had been excited by the new wave of European playwrights: Beckett, Pinter, Genet, Anouilh. In the United States he admired Albee's abrasive style. Now he wanted the freedom to experiment."
e ainda:
"After a trip to Japan in 1959 where he visited Yukio Mishima and was introduced to Kabuki theatre, Williams had mentioned to a reporter that he was writing a Noh play. No one followed up on this, his most uncharacteristic experiment. Hale, who was taking a course in Japanese theatre at the time, found in this script a possible answer to the playwright's troublesome "unfinished sentences." In Noh plays the dialogue is like an oratorio or duet where one person introduces a line or theme, and the other completes it. As in Japanese painting, where the empty spaces have as much meaning as the obvious design, the play's silences have significance equal to the sounds. The Noh formula of drama is built around a journey, a pilgrim-seeker pursued by a demon-ghost, and the intervening priest."
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