light gazing, ışığa bakmak

Sunday, August 21, 2011

alte (3)

o cheiro da serra algarvia, do interior das alfarrobeiras, figueiras, amendoeiras, laranjeiras. das estevas e da erva seca no verão, o barulho das cigarras e outros insectos do calor. se chove são gotas e a terra ferve como ao lume. (ou o da minha serra, do caminho da Pena, diferente do ar da lagoa azul, mais árvores vulgares).

julgo que já foram feitos levantamentos e estudos sobre as casas do sotavento algarvio, não só as urbanas mas também as do campo que as imitam. urbanizações e 'aldeamentos' usam o cliché da casa branca, mais alentajana com a risca azul ou amarela ou ocre. nunca vi que se tenha pegado na fachada de janelas altas e porta central de uma cara plana escondendo o volume de telhados, pátios e longos corredores interiores.  cara que podia ser pintada em trompe l'oeil rude, nos vermelhos e laranjas - cor deste solo, ou escondida por azulejos escuros e pesados, verde musgo escuro, cores de garrafa de cerâmica pouco graciosa, pesada. vejo este carácter desaparecer, não lentamente mas de uma golfada.

afinal era tudo menos Alte, vilarejo que pretende representar o sonho de um algarve branco, e cuja atracção é uma construção kitsch acastelada e de pedras que ecoam as muralhas de Silves.

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