light gazing, ışığa bakmak

Friday, November 23, 2007

Trinta ovelhas mortas, um tubarão morto, duas metades de vaca, 300 salsichas e uma pomba

Bastava o tubarão morto para se calcular que estes são os ingredientes da nova obra do polémico Damien Hirst, aberta ao público desde o dia 10 deste mês em Nova Iorque. A obra foi comissionada pelo dono da Lever House, um edifício nova-iorquino e ao conjunto, que custou 10 milhões de dólares, Hirst chamou "School: The Archaeology of Lost Desires, Comprehending Infinity, and the Search for Knowledge" (Escola: a Arqueologia dos Desejos Perdidos, Compreendendo o Infinito e a Procura da Verdade). Todos os elementos foram enviados para Nova Iorque de Inglaterra, o custo de toda a instalação foi um milhão de dólares.

Ao proprietário do edifício, coleccionador de arte contemporânea, esta exposição vai garantir o desejado, ninguém passará pela Lever House sem lhe prestar atenção. A obra de Hirst vai estar visível, da rua, em permanência.


Imagem de Paul Brady


Imagem de JPG Magazine

Hirst considera que este é o seu trabalho mais maduro. Para além das caixas de laboratório contendo os corpos mortos das ovelhas sugerindo alunos na escola ("The sheep represent uniformity. Through uniform education, people end up as dead sheep; alive, but not much alive.", do Guardian), junto às paredes estarão 15 armários de farmácia com milhares de caixas vazias de medicamentos. Cada um dos armários tem em cima um relógio que anda no sentido contrário, cada um a um ritmo diferente. Num tanque de 12 pés estão as duas metades de uma vaca, uma cadeira, uma fila de salsichas e uma gaiola com uma pomba morta. Este conjunto evoca e homenageia o quadro "Painting" de Francis Bacon.



A referência a F. Bacon é apenas uma das referências: "“We’ve got everybody in here,” he said. There is Dan Flavin (the strips of fluorescent lighting); Warhol (the notion of repetition, as in the rows of dead sheep); Joseph Cornell (the boxes encasing the dead animals); Jannis Kounellis, who uses live birds in his work; and René Magritte, who painted an egg in a bird cage." (no artigo do NY Times citado abaixo)

O mais curioso em Damien Hirst é que as suas obras são conhecidas por serem chocantes. O seu crânio cravado de diamantes foi notícia em jornais de todo o mundo. Jornais conceituados referem-se ao seu trabalho com ironia. O NY Times chama a esta obra "his latest stunt". Pergunto-me se este não será um artista que ficará nos livros, muito mais do que aqueles que são mais facilmente considerados "arte".



Do blogue "Racked", retirei a foto acima, por sua vez repescada no Flickr. Do post "Just for the Fun of it: A Look at Damien Hirst's Lever House Installation" destaco um comentário que lhe foi feito: "i walk by it to get to my office and said to myself 'self...if thats not damien hirst, its a f uc king rip off.' i like the fact that the other suits have no idea how to comprehend it." Por vezes poucas palavras dizem quase tudo.

"Art World Excess Goes to the Butcher Shop", no NY Times de 9 Nov. 2007
"Hirst's Pickled dove leaves Manhattan art world drooling" no Guardian de 9 Nov. 2007
"Baa, Baa Art Sheep at Lever House" no NY Magazine
"Hirst's Dead Classroom", engraçado, do bloguer Donald Clark

1 comment:

jorge vicente said...

tens uma prenda pa ti no meu blog

 
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