light gazing, ışığa bakmak

Wednesday, December 5, 2007

Emoções


(imagem de Jay.Shankar)

As emoções que podemos suportar e as que não podemos, onde está o limite? E entre o limite e o sua origem, de quantas maneiras as podemos expressar, um triângulo de infinitos.

"O arrebatamento provocado pelas emoções que ele tinha estado a representar pairavam ainda sobre todo o seu corpo, como a luz vermelha do pôr do Sol ou a lua no céu, de madrugada. As grandes emoções da tragédia clássica - que têm muito pouco a ver com as nossas vidas mundanas - podem parecer conduzidas, pelo menos nominalmente, por factos históricos, o mundo das sucessões disputadas, campanhas de pacificação, lutas políticas e coisas assim -, mas, na realidade, não pertencem a nenhum período histórico. São emoções apropriadas a um mundo estilizado, grotescamente trágico, tristemente coloridas como uma pintura num bloco de madeira. Desgosto para lá dos limites humanos, paixões supra-humanas, amor abrasador, alegria aterrorizante, gritos breves de pessoas apanhadas por circunstâncias demasiado trágicas para serem suportadas por seres humanos: tais eram as emoções que, momentos antes, se tinham alojado no corpo de Mangiku. Era espantoso que a figura esbelta de Mangiku as aguentasse e que elas não escapassem daquele vaso delicado."

Do conto de Yukio Mishima "Onnagata" (no "Morte no Verão" da Estampa). Onnagata são os actores masculinos que interpretam papéis de mulher no teatro Kabuki.

"Masuyama não duvidava que Mangiku aprenderia a conduzir o seu amor com as grandiosas emoções dos papéis desempenhados no palco. O actor vulgar consegue enriquecer as suas personagens infundindo-lhes as emoções da sua vida real, mas com Mangiku acontecia o contrário. No momento em que se apaixonou, vieram apoiá-lo os amores de Yukihime, Omiwa, Hinaginu e das outras heroínas trágicas."

No comments:

 
Share