light gazing, ışığa bakmak

Monday, December 3, 2007

O prémio IMPAC de Dublin

Tomei conhecimento da existência deste prémio quando Mia Couto foi um dos nomeados. Desde então, tenho tido curiosidade de saber o que pensam dos bibliotecários do mundo sobre a ficção que se escreve hoje. O prémio IMPAC é bastante abrangente pois inclui mais de 150 bibliotecas de mais de meia centena de países. Cada biblioteca pode nomear 3 livros. O painel de membros do júri é também rotativo e constituído por profissionais de todo o mundo.

Os romances vencedores dos últimos dez anos formam um conjunto impressionante de obras literárias. Nenhum painel de votação será perfeito, nenhum sistema competitivo tem qualquer tipo de relevância para a qualidade da escrita, os escolhidos serão porventura os mais bem promovidos pelas respectivas editoras. No entanto, não deixa de ser curioso notar que os nomes escolhidos receberam igualmente o prémio Nobel ou foram para ele nomeado. Este tipo de prémio ajuda acima de tudo as vendas e as editoras, mas a promoção da literatura e da leitura nunca foi uma actividade negativa, ainda para mais, neste caso, sendo organizada pela biblioteca pública de uma cidade, Dublin. A nossa Biblioteca Nacional nem sequer vota. Participam as bibliotecas municipais de Lisboa e Porto. O único português (e, mais grave ainda, o único autor de língua portuguesa, se não me engano) nomeado para o prémio de 2008: José Eduardo Agualusa com "O Livro dos Camaleões", pela Biblioteca Municipal de Lisboa e pela Biblioteca Demonstrativa de Brasília. A lista de 8 finalistas só em Abril de 2008 e o vencedor só em Junho.

A título meramente informativo, os 8 finalistas de 2007 foram Per Petterson (vencedor, ainda não publicado em Portugal, que eu tenha conhecimento) com o livro "Out Stealing Horses", "Arthur and George", de Julian Barnes, "A Long Long Way" de Sebastian Barry, "Slow Man" de J. M. Coetzee, "Extremely Loud & Incredibly Close" de Jonathan Safran Foer, "The Short Day Dying" de Peter Hobbs, "No Country for Old Men" de Cormac McCarthy e "Shalimar the Clown" de Salman Rushdie. Qualquer um deles faz uma bela prenda de Natal.

Ainda a título informativo, os vencedores dos últimos 10 anos: "Out Stealing Horses" de Per Petterson (2007), "The Master" de Colm Tóibín (2006), "The Known World" de Edward P. Jones (2005), "The Blinding Absence of Light" de Tahar Ben Jelloun (2004), "My Name is Red" de Orhan Pamuk (2003), "Atomised" de Michel Houelebecq (2002), "No Great Mischief" de Alistair McLeod (2001), "Wide Open" de Nicola Barker (2000), "Ingenious Pain" de Andrew Miller (1999), "The Land of Green Plums" de Herta Muller (1998) e "A Heart so White" de Javier Marias. Quatro autores de expressão inglesa (em dez) num prémio irlandês, nenhum de expressão portuguesa. Quando perguntam a Saramago o que pensa ele do facto da Ministra da Cultura portuguesa não ter ido à sua exposição em Lanzarote, ele responde "Não fez falta..." Se a Ministra de faz-de-conta não fez falta em Lanzarote, um Ministro da Cultura real, ou simplesmente competente, faz muita falta.

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