Quando digo que o meu cinema preferido é o cinema francês, não me estou a referir - definitivamente - à série Astérix. O último, saído para as salas de cinema este Carnaval, é o terceiro, Astérix nos Jogos Olímpicos. Do Astérix gaulês dos livros temos pouco, como só poderia ser, como temos pouco do Spiderman livresco em qualquer um dos três filmes. Só que quando o Spiderman salta para a tela, o filme é muito bom. Quando o Astérix salta para a tela, o livro ainda era melhor. Com isto não digo que não valeu a pena; o ponto mais alto a favor deste filme (ignorando a mentalização europeia que quero incutir no meu pequeno que cresce a pensar que somos todos americanos) é o facto de segurar dentro da sala um miúdo que ainda não tem quatro anos e que é muito , mas muito, activo. Outro ponto a favor é o facto de eu própria me ter divertido, uma gargalhada aqui e ali, uma princesa lindíssima, um príncipe absolutamente à altura, os cenários-sorvedouros de "budget" e que não valia a pena de todo mas que entretanto estão bonitos, alguns heróis genuinamente europeus (pois é, também os temos!) como Schumacher ou Zidane (mesmo apesar da cabeçada), podermos explicar alguma coisa dos jogos olímpicos, dos romanos, dos gregos, a piada com os espanhóis e com os alemães. Resumindo, para além de não ser mau para os miúdos, é bom para os europeus. Este não é um filme francês. O melhor de tudo: rever um Alain Delon com o sentido de humor intacto depois de meio século. O pior, um Gérard Dépardieu piegas e quase imóvel que ao longo de todo o filme deve ter dado uns dez passos. O trabalho mais árduo foi para o Brutus, que suou todo o filme as passinhas do Algarve, salvo seja.
E visto que os objectivos eram "compete with American cinema, without betraying our own identity" e fazer um filme para europeus e não para franceses, eu diria que estas metas foram alcançadas. Que a crítica francesa não goste do resultado, não será muito difícil imaginar, os franceses em geral, e aqui faço o que normalmente evito - generalizar, preferem ser franceses a ser europeus. Que os críticos de cinema europeus em geral torçam o nariz, também entendo, os filmes europeus devem ser sérios ou pelo menos fazer pensar que o são. O público, esse vai ver o Astérix como vê o Batman, estranhando apenas a pronúncia. Uma excelente ocasião para comprar os velhinhos Astérix e lê-los aos filhos antes de dormir. Afinal muito melhores do que a consola para subir as notas de história...
Um filme para a família e para acompanhar com pipoca e cola-cola, um sinal dos tempos. Pode não ter um Joker, pode não lançar teias, mas no dia em que os portugueses gastarem o mesmo dinheiro e conseguirem fazer um filme do mesmo nível, vou calar-me muito caladinha e oferecer bilhetes a todos os miúdos da família. Com pipocas, claro.
light gazing, ışığa bakmak
Monday, February 4, 2008
"Astérix nos Jogos Olímpicos" ou o mais caro filme francês de sempre
Publicado por Ana V. às 8:35 PM
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2 comments:
O Obélix está piegas e mal se mexe??? Então e as sandálias dos romanos? Onde está o velho Obélix?
Temos de o pôr vivaz e louco outra vez!!!
beijo
jorge
O Dépardieu está velhote... as sandálias do filme eram todas elas um espectáculo! Mas acho que neste filme foi 1 a 0 para os romanos... Os egípcios e os espanhóis, voto neles! beijo! Ana
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