Votei neste governo e muito provavelmente voltarei a votar, nunca votarei à direita em eleições legislativas, a não ser em estado de quase emergência. Para a minha câmara não votei, mas deveria ter votado à direita: é que o que António Capucho tem planeado pela cultura ultrapassa largamente qualquer presidência camarária de esquerda. Para estar à frente de uma autarquia é preciso ter alguma qualificação e acima de tudo, amar a terra que se é suposto governar. É o caso de Capucho. Para mais tarde, espero ainda o início da construção da Casa Museu Paula Rego, no local do antigo Dramático. Isto a propósito da recente troca de Ministro da Cultura, quanto a mim, uma troca estética, de cabeleireiro, de dentadura, de sabe-se lá o quê. Se a Ministra não fez nada, o que fará este Ministro? Isto reflete completamente a falta de cultura do nosso Primeiro. Muitas qualidades tem, esta não, não se pode ter tudo...
Estou em campanha contra o governo na área da cultura. Neste espírito e, embora o jornal Público, seja o melhor jornal diário português (penso eu), não deixa os leitores ávidos e mais ou menos fiéis copiarem textos, o que por vezes chega a ser muito mau. É o caso do texto de hoje e da opinião de Mário Laginha relativamente ao modo como o ensino da música está a ser comprometido em Portugal. Cá vai, esperando que não haja reclamações de copyright.
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"Estado assume posição de desprezo pela música"
Artigo de Hélder Beja no Público de 15 de Fevereiro de 2008
ENSINO: Mário Laginha é um dos célebres antigos alunos do Conservatório Nacional em regime supletivo. Agora fala do "fim do ensino musical público" às mãos do Governo...
Jorge Palma, Maria João Pires ou Mário Laginha são nomes de alguns dos antigos alunos que frequentaram o o Conservatório Nacional nos regimes supletivo e articulado, que permitem ter formação especializada no conservatório e formação geral noutra escola. "Eu sou daqueles que, à luz desta reforma, teria as pernas cortadas, não teria qualquer hipótese de seguir com a minha formação musical", disse ao SEXTA o pianista e compositor Mário Laginha.
O músico acusa o Governo de mascarar os danos da reforma do ensino artístico através de "uma falsa ideia de democratização do ensino musical, que é um engano absoluto". Está em marcha a reestruturação do ensino artístico em Portugal, que pretende que este seja alargado a cerca de uma centena de escolas privadas, para alunos do primeiro ciclo. Nos restantes ciclos, algumas escolas públicas deverão ter capacidade para ter essa oferta em regime integrado - os jovens têm as disciplinas gerais e as específicas de Música no mesmo espaço.
Mário Laginha considera que existe uma distinção importante que está a ser esquecida: "Uma coisa é o ensino da música, o ensino geral, básico. E aí, muito bem, que seja para todos e o melhor possível. Outra coisa é o ensino especializado, o ensino para quem realmente quer ser músico." O pianista diz que o regime proposto vai fazer com que "ser músico profissional em Portugal seja apenas para pessoas com dinheiro", para as famílias que possam garantir a iniciação musical às crianças.
"Neste país gostamos de pensar que somos evoluídos, muito europeus e cosmopolitas. Não consigo imaginar como é que um país que se diz assim é capaz de, no século XXI, acabar com a escola pública de música", prossegue Laginha. Vê na acção do Governo um desinvestimento em que "o Estado assume uma posição de desprezo por uma expressão cultural, a música."
Mário Laginha reconhece que o "ensino especializado, qualquer que ele seja, é caro. Mas é exactamente por isso que é um ensino que se dá a uma parcela de pessoas que são boas numa determinada área" e que posteriormente geram contrapartidas para o país. "Acho tudo isto absurdo. A verificar-se a mudança, será um rude golpe na qualidade artística do país".
Governo avarento
Quem também não está pelos ajustes com a reforma do ensino artístico são os professores dos conservatórios nacionais. O directo do Conservatório de Lisboa, Wagner Diniz, acusa o Ministério de "desinformação", refere a "falsa democratização do ensino" e caracteriza como "cientificamente inválido" o estudo apresentado pelo Governo para justificar a reforma: "É um estudo preparado por pessoas que não percebem nada de música, que não sabem como as coisas funcinam. Seria a mesma coisa que nos colocarem a nós a reconvertermos a agricultura em Portugal", disse ao SEXTA o professor. Já a directora do Conservatório de Aveiro, Maria Ana Fleming, fala de um "Governo avarento", que se recusa a "pagar a menos de 600 professores para ter um ensino musical qualificado".
Entretanto, a Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, já fez saber que "não é verdade que o ministério tenha dito que acabará a iniciação musical, acusando de "arrogância" os responsáveis pelo Conservatório de Lisboa.
A ministra instou o Conservatório a não lançar "cortinas de fumo e ruído" sobre a reforma, "inventando situações que o Governo nunca propôs": "O que se passa é que o Conservatório não quer mudar. As resistências à mudança são muito profundas e têm muitos argumentos e muitas desculpas".
light gazing, ışığa bakmak
Friday, February 15, 2008
Desta é que é, acabou-se o estado de graça
Publicado por Ana V. às 2:57 PM
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