"E ele falou. Fe-lo num tom uniforme, praticamente sem modulações de persuasão ou insinuação, querendo que cada palavra valesse por si mesma, pelo significado nu que naquele momento e naquela situação pudesse alcançar, Vivo sozinho nesta casa, e há muitos anos, não tenho mulher, excepto quando a necessidade aperta, e então continuo a não ter, sou uma pessoa sem atributos especiais, normal até nos defeitos, e não esperava muito da vida, enfim, esperava conservar a saúde porque é uma comodidade, e que o trabalho não me faltasse, a isto, que não é pouco, reconheço, se limitavam as minhas ambições, agora gostaria que a vida me desse o que nunca me lembro de ter tido, o sabor que ela certamente tem."
J. Saramago na História do Cerco de Lisboa
Saramago, sempre, para quem saiba estar nu nas palavras, coisa rara.
No Carnaval, nada como a nudez para o disfarce perfeito.
light gazing, ışığa bakmak
Saturday, February 2, 2008
Nu
Publicado por Ana V. às 9:10 PM
TAGS Biblioteca de Babel, Saramago
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