light gazing, ışığa bakmak

Monday, March 10, 2008

As gravuras de Lucien Freud

(Depois da calma, o regresso. Tentando o equilíbrio: dois pés numa ponta da semana, a abeirar a dúvida. São os dias longos do semi-Inverno que ainda vive. Desejos de evasão.)

Verdadeiramente admirável a exposição de gravuras de Lucien Freud no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Um polo de criação e divulgação de arte, farol poderoso daquele lado, cruzando luzes com a Tate Modern deste, o MoMA já me habituou às suas exposições online, em que passeio regularmente. Vale a pena passear por esta, Lucien Freud The Painter's Etchings: uma selecção de obras e algumas notas, também sobre a técnica de gravura do artista que de si próprio afirmou: a primeira palavra que eu disse foi allein, sozinho, deixem-me sozinho. Tenho por vezes pena que os seus retratos crus sejam vítima dos predadores de imagens, mastigados em lugares-comuns, misturados na panóplia de imagens sem sentido que as suas figuras humanas contrariam. Andando em direcção oposta, Freud é o mais tradicional dos criadores: o modo o mais antigo e o objecto mais representado. Gostei nesta exposição, muito particularmente, das recriações da sua mãe, os milhentos ângulos a partir de onde olhou para ela.


"The Painter's Mother" (Final Version) (1982)

A imagem acima faz parte de um conjunto de slides em mostra pelo NY Times, e a respectiva crítica: Lucien Freud Stipped Bare:

"It would be simplifying things to say that the density, plasticity and color of oil paint provide Mr. Freud a place to hide. Yet this impression may come to mind in “Lucian Freud: The Painter’s Etchings,” a riveting exhibition at the Museum of Modern Art. Moving through its galleries, you may conclude that tough as Mr. Freud’s paintings are, his etchings are somehow even starker, more raw and brutal. They bring the violence of his rendering style closer to the surface.

Compared with the loamy explorations of Mr. Freud’s paintings, the etchings might almost be X-rays. The best show us sides of the image, like scaffoldings that have been partly draped with nets — often hallucinatory patches of lines, gouges, hatching and crosshatching. The frenetic marks lead lives of their own while somehow also coalescing to imply flesh, features and expression, in varying degrees. "


Esta exposição encerra hoje em Nova Iorque.

4 comments:

Anonymous said...

Este ano também ano particularmente fugidia... Normalmente consigo abstrair-me do ruído à volta, mas nos últimos tempos até fisicamente sinto a necessidade de estar longe de mim.

[Ou, pelo menos, da chuva e do frio. Arre.]

Beijinhos, menina Dulcemeia. ;o)

Ana V. said...

Olá MAD! Quase nada no Sol, mas continuando por aqui. (Também já me molhei hoje, chuvinha miúda e cinzenta) Abstrair-me mas cada vez mais perto de mim, que exilada andei já tempo demais. As tais más escolhas que podem castigar décadas. Uf uf, bater na madeira! ;)) beijinhos, boa semana.

Anonymous said...

Olá Ana
Que tenhas uma excelente semana, mas para já uma excelente segunda-feira.
Retomo o contacto com o que de bom e bonito fazes o favor de nos fazer descobrir.
Beijinhos
Armando

Ana V. said...

Obrigada, Armando. Para ti também!
Cá vamos olhando e lendo... :)
Beijinho
Ana

 
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