light gazing, ışığa bakmak

Saturday, May 17, 2008

aqui bem guardado antes que desapareça

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Ossos
trout


Na manhã petrificada uma delicada gota de água

em sobressalto ,correm coisas estranhas ,e correm e correm .furiosas de si mesmas

na longa avenida perdeu-se o sentido ,e saltimbancos estilizados praticam malabarismos desusados

passa um cavalo acinzentado a trote numa rua deserta

ossos



o nevoeiro esconde parte daquele prédio ,os ferros saem do pilar de cimento tosco em triunfo

digo que são ossos

os carros passam em trajectos indecisos a delirar gasolina,relógios polidos ,marcas de fogo.

cinza no chão ,o riso louco a perturbar o domingo televisivo.

mais ossos

colunas de açucar ,gordura .

esperei 10 minutos antes de contar as estrelas pouco convicto da utilidade do meu gesto

ossos

salitre nas paredes ,os azulejos caem aos poucos .

um cão arrasta a corrente e não sabe para onde ir a seguir

nem eu sei

as ruas de dois sentidos ,o nosso maior orgulho ,as casas baixas que pontuam aqui e ali .

Acho que são ossos

a cidade rente ao chão ,pouco transito e calor intenso .

Não me apetece ouvir o canto dos pássaros ,não com tanto alcatrão ,um mar de alcatrão

bebo um café ,tomo uma aspirina pelo sim pelo não

gastei a sola das botas e sinto o chão e gosto de o sentir

não me vou magoar ,e vou comer pouco .

Ossos

meto por um caminho diferente com roupa de outra cor

quero ver se há ossos por lá

o tempo sagrado

e nunca hei-de ver de novo o mesmo que já vi

afinal não passam de ossos

limites da longa estrada onde a serpente rastejou durante anos

cada metro ganho é guardado no cofre

o toque frio da pedra segreda coisas violentas

ossos

muda de lugar ,troca a tua reles dor por um punhado de moedas

desafia a engrenagem cromada com uma só palavra

ossos

aqui neste lugar já houve lutas e mortes ,a terra ainda se lembra de quase tudo

ossos

o metal aspero cresce espasmodicamente na tua furiosa disciplina

tudo ossos

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