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Ossos
trout
Na manhã petrificada uma delicada gota de água
em sobressalto ,correm coisas estranhas ,e correm e correm .furiosas de si mesmas
na longa avenida perdeu-se o sentido ,e saltimbancos estilizados praticam malabarismos desusados
passa um cavalo acinzentado a trote numa rua deserta
ossos
o nevoeiro esconde parte daquele prédio ,os ferros saem do pilar de cimento tosco em triunfo
digo que são ossos
os carros passam em trajectos indecisos a delirar gasolina,relógios polidos ,marcas de fogo.
cinza no chão ,o riso louco a perturbar o domingo televisivo.
mais ossos
colunas de açucar ,gordura .
esperei 10 minutos antes de contar as estrelas pouco convicto da utilidade do meu gesto
ossos
salitre nas paredes ,os azulejos caem aos poucos .
um cão arrasta a corrente e não sabe para onde ir a seguir
nem eu sei
as ruas de dois sentidos ,o nosso maior orgulho ,as casas baixas que pontuam aqui e ali .
Acho que são ossos
a cidade rente ao chão ,pouco transito e calor intenso .
Não me apetece ouvir o canto dos pássaros ,não com tanto alcatrão ,um mar de alcatrão
bebo um café ,tomo uma aspirina pelo sim pelo não
gastei a sola das botas e sinto o chão e gosto de o sentir
não me vou magoar ,e vou comer pouco .
Ossos
meto por um caminho diferente com roupa de outra cor
quero ver se há ossos por lá
o tempo sagrado
e nunca hei-de ver de novo o mesmo que já vi
afinal não passam de ossos
limites da longa estrada onde a serpente rastejou durante anos
cada metro ganho é guardado no cofre
o toque frio da pedra segreda coisas violentas
ossos
muda de lugar ,troca a tua reles dor por um punhado de moedas
desafia a engrenagem cromada com uma só palavra
ossos
aqui neste lugar já houve lutas e mortes ,a terra ainda se lembra de quase tudo
ossos
o metal aspero cresce espasmodicamente na tua furiosa disciplina
tudo ossos
light gazing, ışığa bakmak
Saturday, May 17, 2008
aqui bem guardado antes que desapareça
Publicado por Ana V. às 10:45 AM
TAGS Noites Persas
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