"Eu juro que não tenho nenhuma embirração particular pelo homem, que nem conheço de lado algum. Mas a verdade é que já vi o país atravessar alguns vinte ministros do Ambiente e nunca vi nenhum que fosse tão inútil, tão acomodado, tão verbo-de-encher, tão prejudicial à área que tutela como esta triste figura do actual ministro, eng. Nunes Correia, de sua desgraça. Não consigo entender, francamente, porque insiste o homem em ser tratado pela alcunha de ministro do Ambiente - a não ser pelo prazer de usar o sobrenome de ministro.
Sete anos e duas secas depois de se ter iniciado o estudo do Programa Nacional de Uso Eficiente da Água, dez anos depois de ter sido prometido que campos de golfe só com reaproveitamento das águas residuais, Sua Excelência acha que tornar essa regra obrigatória não é medida prioritária a incluir no dito plano. Pelo contrário, deve tratar-se de uma simples "recomendação" a ser adoptada "numa base voluntária" (dos 43 campos de golfe do Algarve, a somar a outros 20 já aprovados, apenas um, até hoje, aceitou "voluntariamente" a recomendação; existe localmente uma profusão de ETAR, construídas propositadamente para o efeito e que custaram dezenas de milhões de euros, que não estão a servir para nada, apenas para as estatísticas 'ambientalistas' do Ministério).
Sua Excelência lembra que "o golfe é uma âncora importante do desenvolvimento do turismo em Portugal". E Sua Excelência, muitíssimo mais preocupado com o turismo do que com o ambiente, não esquece que os jogadores de golfe têm duas características muito suas: primeiro, não gostam de repetir campos; mudam de campo como quem muda de camisa, o que justifica que mais de 6000 hectares do Algarve (muitos deles desafectados da Reserva Agrícola ou Ecológica) já estejam entregues ao golfe e consumindo um total de reservas de água equivalente a uma população permanente de meio milhão de pessoas - mais do que a população efectiva, que são 410 mil pessoas; por outro lado, eles também não gostam de pisar relvados regados com água que não seja pura, uma mania como outra qualquer.
Em contrapartida, o senhor ministro não leu o recente relatório do WWF, que prevê a intensificação da desertificação do território nacional a partir de 2020, devido às alterações climatéricas e à destruição progressiva do montado de sobro alentejano e algarvio, tal como o que está a ser promovido na região de Alqueva; não leu as recentes notícias sobre a falta de água em Espanha, de Barcelona a ser abastecida por navios-tanque, nem tomou conhecimento dos sucessivos relatórios sobre a desertificação e a crónica falta de água da Andaluzia e da Extremadura espanhola devido à necessidade de regar a praga dos campos de golfe, nascidos inconscientemente por todos os lados, como cogumelos selvagens. Sabiamente, Sua Excelência acha que "as medidas só devem ser implementadas à medida que são necessárias" e, por ora, ele está descansado que "não vai faltar água nem para os cidadãos nem para o golfe" (assim mesmo, em pé de igualdade). Sua Excelência, coitada, deve ser o único ministro do Ambiente que ainda não percebeu que a próxima e mais grave crise mundial não vai ser a da falta de energia, mas a da falta de água. Em 2020, aliás, é provável que Sua Excelência já se tenha reformado e esteja a ensaiar os seus "putts" num "green" regado a água do Luso."
Miguel Sousa Tavares
no Expresso de 23 Junho 2008.
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WWF urges Portugal to expand cork forests
LISBON (Reuters) - The WWF environmental group urged Portugal on Tuesday to expand its cork forests to act as a barrier against accelerating desertification of its south due to global warming.
Portugal is the world's largest producer of cork used in wine bottles but the density of trees in cork forests has fallen in recent years, threatening increased desertification as the dry, hot climate of the south moves north.
Because cork trees are not cut down and water is retained in the forests because of falling leaves, they are uniquely environmentally sustainable, WWF said in a study. The bark of individual trees is cut for cork only every nine years.
The group said in a study carried out together with the country's Higher Institute of Agronomy that a 20 percent expansion of the current area of cork trees could stop desertification at its current limits by 2020.
Failure to expand cork forests and tree density could raise desertification levels to more than one kilometer per year.
"Cork trees have every potential to act as a barrier to desertification," said Angela Morgado, communications and fundraising officer at the WWF in Portugal.
Due to cork trees' ability to grow in relatively dry climates and if average temperatures continue rising due to global warming, the WWF recommended that cork be planted further north in Portugal to reduce the threat of desertification.
Cork currently represents 2.7 percent of Portugal's exports and the cork industry employs up to 14,000 people.
(Reporting by Axel Bugge)
light gazing, ışığa bakmak
Saturday, June 28, 2008
por vezes gosto mesmo de o ler
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