an index of "our" favorite poems. e mais um texto para mim.
"Não comes?", perguntou-me Olivia que parecia concentrada só em saborear o prato e afinal estava como de costume atentíssima, enquanto eu ficara absorto a olhar para ela. Era a sensação dos seus dentes na minha carne que eu estava a imaginar, e sentia a sua língua erguer-me contra o céu da boca, envolver-me de saliva, depois empurrar-me debaixo da ponta dos caninos. Estava sentado ali à frente dela mas ao mesmo tempo parecia-me que uma parte de mim, ou todo eu mesmo, estivesse contido na sua boca, mastigado, cortado fibra a fibra. Situação não completamente passiva dado que enquanto era mastigado por Olivia sentia também que agia sobre ela, que lhe transmitia sensações que se propagavam das papilas da boca por todo o seu corpo, que cada vibração sua era eu a provocar-lha: era uma relação recíproca e completa que nos envolvia e abalava.
Recompus-me; recompusemo-nos. Provámos com atenção a salada de tenras folhas de piteira cozidas (ensalada de nopalitos) temperada com alho, coentros, piri-piri, azeite e vinagre; depois o róseo e cremoso doce de maguey (variedade de figo da Índia), tudo acompanhado por um jarro de tequila con sangrita e seguido de café com canela.
de Sob o Sol Jaguar
Italo Calvino
light gazing, ışığa bakmak
Tuesday, July 15, 2008
ensalada de nopalitos: a gula
Publicado por Ana V. às 11:22 PM
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