light gazing, ışığa bakmak

Monday, July 2, 2007

re-edit

Brincar com a visão humana tem uma história longa. Desde a "camera obscura" de Leonardo da Vinci. E passando pela "lanterna mágica" de Christiaan Huygens, que projectava a primeira dança macabra, um tema recorrente, fascínio romântico muitos anos mais tarde. As primeiras imagens, misturadas com luz, saem do seu suporte e atraem um público ávido, hoje mais distante pelo aluvião de imagens em que vivemos.


O movimento da imagem é possível pela "persistência da visão", uma característica fisiológica do olho humano: "A retina demora um determinado tempo para regeneração. Com a apesentação sucessiva de fotos, a sequência é entendida, para o olho humano, como contínua, dando a impressão de movimento" (aqui). Herança dos irmãos Lumière, este dado adquirido do cinema, possibilitou o movimento que fez nascer o cinema: as imagens projectadas a um ritmo superior a 16 por segundo associam-se na retina sem interrupção. Já nos anos 70, este contínuo criador de imagens foi questionado, mas por essa altura já Norman McLean tinha chegado à história da animação.


As pesquisas de desenho directo sobre película, de Norman McLaren,ampliando o trabalho pioneiro de Len Lye ("Color box" 1938) trouxeram novas formas caligráficas e pictóricas que conduziram, mais tarde, à renovação do desenho animado americano, encetada pela United Productions of America, U P A, fundada por Stephen Bosustow em 1944. A experimentação criativa, neste caso a aplicação de cores sobre a película, pintadas ou gravadas, e a sua sincronização com a música, brincando com os conceitos de "contínuo" e de memória da retina, é vislumbrada no filme "Blinkity Blank", de Norman McLaren: ao ritmo do som, um piscar de imagens sucessivo, carregado de significado.


Para mim, o mais curioso é a distância que vai entre o filme e a sua explicação. Poderia ficar aqui a dissecar os meandros da visão humana ou o processo experimental que conduziu até ele, sem dúvida aspectos fascinantes. Mas nem uma palavra, neste caso, vale a exibição das imagens. Convido-vos a entrar e a ver, "Blinkity Blank", aqui.







Uma última palavra para a música e o seu compositor, Maurice Blackburn, o trabalho impressionante de uma vida e igualmente pioneiro, mas no domínio da música.


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Os filmes de Norman McLaren, aqui.


1 comment:

Anonymous said...

O criador de uma linguagem ainda hoje sem nome,um génio,mas não só da animação ,há quem o considere o artista do sec XX
um dos maiores artistas do sec XX ,sem dúvida ....

 
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