Estive em Galveston há alguns, parecem poucos, anos, numa altura mais ou menos calma da vida. Vindo de Houston, chega-se à cidade quase em vôo pela ponte que liga a ilha, onde se situa Galveston, ao continente. O azul é sempre uma visão. O que mais me impressionou na altura foi a temperatura morna das águas do golfo. Só em Malta molhei os pés em águas tão quentes. De pé na água e olhando para a enorme extensão de areal em volta e para a avenida que corre ao longo da praia, pergunto-me porque está esta praia deserta. Avisto pouco mais do que umas cinco pessoas e muitas gaivotas. Por mim, ficava aqui o resto do dia, da semana. Só depois vejo que, por detrás do contorno da ilha, estão gigantescos estaleiros e instalações químicas para navios de grande porte. Ver passar os navios, nesta cidade, é uma ocupação de grandes dimensões. Todos os colossos de transporte de petróleo passam por aqui. A água não é, imagino eu, propriamente cristalina. Ao cruzar as ruas habitacionais surpreende-me a degradação das casas, bairros de negros, muitos, as madeiras, paredes, janelas, a precisar de reparação e de nova tinta. De certo modo é uma cidade fantasma onde mora ainda apenas quem não teve possibilidade de ir embora. O passado da cidade foi glamoroso e próspero, uma cidade turística da elite da altura que hoje prefere ficar mais a Norte e de uma classe média abastada que hoje vai para a Carolina do Norte para as suas férias de praia. De um momento para o outro Galveston foi totalmente arrasada por um furacão. Morreram entre seis e oito mil pessoas. Estes são os mortos que assombram a cidade. A glória antiga nunca foi recuperada. Neste preciso momento, outro furacão chega à cidade. Os serviços meteorológicos norte-americanos avisaram que quem ficasse encontraria muito provavelmente a morte, um aviso sui-generis, reacção ao imobilismo da população local, relutante em sair. ("Floodwaters were surging ashore along the coastline of Texas' Galveston Island on Friday as Gulf Coast residents living in the path of Hurricane Ike were told they faced "certain death" unless they heeded warnings to evacuate before the storm makes landfall.", da CNN) Claro que nas notícias aparecem muito menos imagens das Bahamas, ou de Cuba ou de qualquer outro sítio por onde estas tempestades passam, mas esses locais não conheço. Quando ouço Galveston penso logo na sorte, ou no azar, do Joe's Crab Shack, hippest seafood restaurant right on the beach front, onde os empregados de mesa cantam e dançam para a animação da freguesia.
light gazing, ışığa bakmak
Friday, September 12, 2008
Galveston, Texas
Publicado por Ana V. às 10:07 PM
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