da crise

o papel dos media é tão omnipresente que é obrigatório pensar e repensar o que nos é dito. não sei até que ponto esta crise não está a ser soprada pelos media ou que, por outro lado, não estamos a receber a informação de revés. estou certa de que as perdas dos bancos, dos grandes grupos, das bolsas mundiais e do Ricardo Salgado são incrivelmente interessantes e assustadoras. mas, fico-me pela ironia dos cartoons: quem pede para a fome no mundo angaria umas moedas mas quem pede para o sistema financeiro consegue quantias absolutamente irrealistas aos nossos ouvidos. isto passa em frente, a nós que estamos a crédito nesta altura do mês, como vejo nas caixas de supermercado, que estamos a poupar cinquenta por centos nos almoços - foi-se a sobremesa e o bife, como ouvi esta manhã na rádio, que estamos acampados com a corda na garganta frente ao Ministério das Finanças, como vi na tv esta manhã contra as taxas de juro. as capas das revistas continuam mostrando vedetas, há futebol todos os dias e ainda bem que a Manuela Ferreira Leite estava contra a subida do ordenado mínimo. Obama emerge como um salvador da sua pátria, mas muito mais do que isso. quem poderia sustentar alguma vez tal peso simbólico. cá se vive, em dias cinzentos, entre a evasão e o milagre.