Feira do Mel e da Castanha da Lousã, 2008 (1): o rapaz do mel

A Feira do Mel e da Castanha da Lousã tem tudo para atrair gente de fora, gente gulosa, gente curiosa, gente com um fim-de-semana de sol para passear. Foi com tudo isto que a visitei.



O que mais me surpreendeu, visto que já conhecia o pavilhão onde decorre a iniciativa (a precisar de melhoramentos e de uma nova make-up) foi o facto de o mel em exposição e à venda ser quase indistinto. Todos os produtores usam a imagem do Mel da Lousã, muito dificilmente se consegue distinguir entre eles. Quem não conhece vê apenas umas poucas dezenas de mesas com o -aparentemente- mesmo mel. A escolha é difícil. Decidi-me por pelo mel de José Rosa Rodrigues ("O Rapaz do Mel"), que para além do tradicional frasco de tamanho considerável, tinha outras opções de tamanho e conteúdo. Pelo-me pelo mel com nozes e foi o que trouxe. Feita a prova devo afirmar e reafirmar que este mel é simplesmente delicioso, dificilmente encontro tão boa qualidade nos locais gourmet da capital. O preço acompanha. Para além do mel este produtor tinha uma série de licores de mel. Provei e adorei (Licor Beirão, cuida-te). À pergunta: onde posso comprar o seu mel quando a feira terminar, acabo por saber que em casa e no mercado da Lousã (quartas-feiras e Sábados). Deixo em baixo o contacto.

O que me faz pensar. Temos no nosso país produtos de qualidade absolutamente inacreditável com pouco ou nenhum apoio. Este é um exemplo crasso. Algumas lojas da capital e de outras cidades do país tentam repor a injustiça mas é claramente muito pouco. Sem conhecimentos de marketing, de distribuição, com pouca formação (que poderia pôr este produto online) e sem capacidade de colocar os produtos à venda em outros locais, estes pequenos produtores, afinal os responsáveis pela verdadeira agricultura sustentável (e saudável), já para não mencionar a qualidade que os distancia kilómetros dos produtos que normalmente consumimos, têm poucas hipóteses. Não sei que entidade ou instituição poderia intervir neste campo. Creio que, se temos viabilidade e qualidade, temos de a abraçar sem reservas. Formação urgentíssima alteraria a situação dos pequenos produtores de um modo radical. Os "colegas" franceses e italianos fazem-no com mestria, o que nos falta? Voluntários? Seria com certeza uma solução. Parcerias com escolas de informática da zona? Outra. Formação oferecida no local pelas instituições locais? Estou certa de que nem seria necessário investimento. Espírito de certa aventura, vontade, inovação, juventude, sair do carril. Sem dúvida o conhecimento é essencial. Por vezes tenho vontade largar tudo e ir por aí.

"O Rapaz do Mel"
José Rosa Rodrigues
Rua Principal - Espinho
3220-102 Miranda do Corvo
239 532 045 / 917 632 052


e eu que ainda ontem balbuciava contra a monarquia tirânica dos hipermercados, leio esta notícia recente. pode ser uma conquista, Lousamel, mas tanto mais poderia ser feito. especialmente no sentido de olhar para este mel como produto superior, e não o equiparar aos seus "irmãos" de muito mais baixa qualidade. ou seja, o céu devia ser o limite, e não o purgatório.