fresta

a vida de uma pessoa nesta janela nunca é mais do que uma fresta. o perigoso é pensar o contrário. ou tentar ver o todo num ponto. aqui posso dizer que tenho um sinal desmaiado no dedo indicador esquerdo. posso ter ou não. e mesmo que tenha, o sinal não representa o corpo todo. e se não tiver não interessam muito as suposições. por exemplo: as melhores maçãs que comi na vida eram as maçãs da Tojeira. nem doces, nem redondas, cor irregular, bichadas e muitas em caixote. perfeitamente imperfeitas. quando hoje ouço que a calibração europeia vai acabar, é no cheiro destas maçãs e no seu acre na minha boca que penso. será-


Aventures, Ligeti.


Argerich plays Chopin's Sonate Funebre


Bartoli sing Vivaldi's Spoza son Disprezzata


Jiang Wang plays Tchaikovsky's Chant d'Automne

se tivesse de enviar uma carta anónima de letras recortadas (são lindas), teria de googlar durante quatro dias, "pesquisando" fontes.curio curio é procurar o que não se conhece, procurar sem saber o quê. há dias li inventando uma história assim, o homem corria em busca de algo que tinha perdido. e não sabia o que era. nunca cheguei a encontrar o final da história porque a pintei demasiado, borrão de máscara. como ele encontrou, voou e foi embora circundando árvores na floresta. eu não tenho asas, mas posso colar penas, umas sobre outras, todas brancas. whitewash.

"Poeme Symphonique" (for 100 metronomes). Ligeti.





Oh what a sight!
How passing strange it seem’d, when I did spy
Upon his head three faces: one in front
Of hue vermilion, the other two with this
Midway each shoulder join’d and at the crest;
The right ’twixt wan and yellow seem’d
(Dante, O Inferno )