diz lá que não vai com o Byron esta "sanity is the playground for the unimaginative". assim vamos-lá-ser-todos-um-pouco-loucos-e-dar-largas-à-imaginação-ser-criança-de-novo-abrir-os-braços-à-vida-descontrair-seize-the-day-ser-especiais-e-finalmente-artistas-inspirados-escrevendo-poemas. e como não quer a coisa, já agora*, comprando umas JOOP!Jeans.
*expressão vencedora
o Nabokov é um pouco como o Noobai, nenhuma extensão da sua superfície me atinge desagradavelmente, por muito microscópica que essa extensão possa ser. alguns pontos a favor: citações extensas, recorrentes, obsessivas a lembrar outros do mesmo patamar. ultimamente não sei quem o faz, com eficácia pelo menos. gostei -a derreter de gostar- da voz do Auster a contar três filmes, como o faz no livro, isto que pode ser uma citação extensa, ou outra forma de o fazer, descrever um quadro, contar um filme, comentar um concerto. no Nabokov esta forma de interferência atinge o limiar das suas fichas que entravam em linha para a escrita. como escolhia ele o quê e quando? que tipo de construção fazia com elas? pergunto-me. será que as dispunha arquitectonicamente, será que as empilhava numa linha de ordem. há também as referências a algo que ele próprio escreveu como sendo outro (hoje seria acusado de ter um blogue em outro nome ou de fazer auto-comentário), vertiginoso. há a voz, que Saramago repete, a dizer isto podia ter acontecido assim mas afinal não foi, ou, não gosto que X esteja neste canto, vamos colocá-lo naquele, enfim, um truque de raposa velha. e as referências veladas, as melhores e as que lhe davam maior prazer ("I reread my books rarely, and then only for the utilitarian purpose of controlling a translation or checking a new edition; but when I do go through them again, what pleases me most is the wayside murmur of this or that hidden theme.", na introdução de Bend Sinister.)
aproveito então para contrapôr a citação inicial.
"Long summer days. Olga playing the piano. Music, order.
The trouble with Krug, thought Krug, was that for long summer years and with enormous success he had delicately taken apart the systems of others and had acquired thereby a reputation for an impish sense of humour and delightful common sense whereas in fact he was a big sad hog of a man and the 'common-sense' affair had turned out to be the gradual digging of a pit to accomodate pure smiling madness." (V.Nabokov, Bend Sinister)
common-sense is the "gradual digging of a pit to accomodate pure smiling madness",
desta gosto muito mais. é o que resulta quando pego nos fios de lã pretos da Chiharu Shiota para tricotar faces, arenas e livros emprestados, misturando chá verde gelado, sumo de limão e pau de canela. pessoalmente julgo que uma folha de hortelã também não ficava mal. ou de basílico, para estrear a planta caseira. cheers.
light gazing, ışığa bakmak
Monday, November 24, 2008
playground for the unimaginative
Publicado por Ana V. às 11:23 AM
TAGS bend sinister, Stuff
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2 comments:
Gostei gostei gostei gostei :D
O pior é que já lá nem vai com pipocas [nem para comer nem para atirar]. À vigésima quinta vez o Quo Vadis perde sempre a graça. Bah :P
ó diabo, PEC ir e wortar, mar e mar. sugestão: experimentar salgadas com manteiga. sempre desenjoa do doce eh eh :)))
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