light gazing, ışığa bakmak

Tuesday, December 9, 2008

rajadas



não há nada pior (em absoluto e claro exagero) ou mais irritante do que as rajadas violentas de hoje, em terra, especialmente no mar, onde o vento ergue a água, pior que chuva, pior que frio, só com gelo é que pode ser mais mortal. a minha praia vai ser outra amanhã, tenho este hábito de passar por lá depois da ventania, talvez uma nostalgia do deserto que ainda não vi. no quarto ao lado desenrola-se a questão de índios e cowboys, de cavaleiros ou gente a pé, bobos da corte ou teólogos, cor de rosa ou azul. a mim, porta-estandarte das inclusões -tenho a certeza de que até certo ponto, há sempre excepções que nos escapam- parece-me que cabem todos os porcos no mesmo caixote, o pior é quando fica algum de fora. acabada a Viagem do Elefante, que aproveito para recomendar logo a seguir ao chá e à Betty Grafstein, pego no Ano da Morte de Ricardo Reis. "Aqui o mar acaba e a terra principia. Chove sobre a cidade pálida, as águas do rio correm turvas de barro, há cheia nas lezírias. Um barco escuro sobe o fluxo soturno, é o Highland Brigade que vem atracar ao cais de Alcântara (...) Por trás dos vidros embaciados de sal, os meninos espreitam a cidade cinzenta, urbe rasa sobre colinas, como se só de casas térreas construída, por acaso além um zimbório alto, uma empena mais esforçada, um vulto que parece ruína de castelo, salvo se tudo isto é ilusão, quimera, miragem criada pela movediça cortina das águas que descem do céu fechado". os trabalhos de mão continuam, noite fora, antecipando as duas consoadas que vou celebrar, à falta de uma. entre as estrelas douradas, a cola, as medidas e as receitas, espero ter tempo de passar pela serra e apanhar uns verdes. Outra recomendação: Madagáscar dois, um filme a ver no grande ecrã, em português e se possível o original (parabéns girafa-Bruno Nogueira), tendo o Madagáscar um já lá na prateleira da sala. Acabando com uma lembrança de lembrar, relembrar; o nome era Blinkety Blank de Norman McLaren. lá por gostar de trufas não quer dizer que não coma omelete, mais ceci est irrévocablement une truffe.

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