hoje no Museu da Água em Coimbra o lançamento do livro Poesia Robótica escrito por ISU, o robot poeta de Leonel Moura. mais sobre o livro aqui. e o manifesto da arte simbiótica, em baixo.
1) As máquinas podem fazer arte
2) Homem e máquinas podem fazer arte simbiótica
3) A arte simbiótica é um novo paradigma que abre novos caminhos para a arte
4) Implica o abandono definitivo da manufactura e do reino da mão em arte
5) Implica o abandono definitivo da expressão pessoal e da centralidade do artista/humano
6) Implica o abandono definitivo de qualquer pretensão moralista ou espiritual, assim como qualquer propósito de representação
[Fazendo os Artistas que fazem a Arte]
A arte, tal como a conhecemos, morreu. E desta vez é definitivo e oficial.
Tantas vezes declarada durante o século passado mas nunca realmente conseguida, a morte da arte é agora um facto. Não por um mero desejo ou retórica vanguardista, mas porque as condições de produção artística se alteraram bruscamente. De súbito toda a arte contemporânea transformou-se em arte antiga. Porque finalmente se abandonou uma ideia de arte como produto da exclusiva criatividade humana, para se passar directamente à criação de artistas não-humanos.
Como sempre uma tal mudança de paradigma só foi possível graças à evolução tecnológica. Da análise das partes passámos para a mecânica da complexidade. Do estudo dos organismos vivos estamos agora em condições de realizar a vida tal como ela podia ser.
Quando a robótica deixou de simplesmente simular comportamentos humanos, como andar, jogar futebol ou contar anedotas, para se dedicar à realização da arte, alguma coisa de muito radical aconteceu. Robots que fazem arte não questionam só a ideia de arte ou filosofia, mas põem em causa a nossa própria condição como humanos. Para quê continuar a fazer algo que as máquinas fazem melhor e de forma mais consequente? Se a arte não tem propósito, tal como é declarado por toda a teoria moderna e pós-moderna, então as máquinas são os melhores criadores.
Livres da realização da arte podemos agora dedicar-nos à gestação de um novo tipo de artista nascido da sopa protobiótica da robótica e da vida artificial. Nós podemos fazer as máquinas que fazem a arte. Este novo artista/máquina não tem nenhum objectivo pré-determinado, estética, moral ou intencionalidade. Ele realiza o derradeiro "automatismo psíquico puro", tal como anunciado por Breton e parcialmente realizado por Pollock. Para além disso não se preocupa com o individualismo ou com a sua identidade. Age colectivamente e apreende o mundo como um território comum que emerge de um comportamento stigmérgico.
Do ponto de vista filosófico a sua acção é relacional e as obras que gera são proposições sintéticas resultantes do desencadear da experimentação colectiva. A vida do artista/máquina está interligada com a vida do artista/humano.
Quando deixamos de fazer arte para passar a fazer artistas, em que é que nós próprios nos tornamos? Num artista simbiótico! Um humano que não se preocupa mais com a produção directa dos objectos, mas dedica todo o seu saber e energia a criar e cooperar com uma vida imaginária não humana devotada ao artístico.
Ao fazê-lo o artista simbiótico afirma que a tecnologia serve a criatividade e não a indústria destrutiva militar ou o mercantilismo.
O papel do artista simbiótico é a partir de agora criar artistas não-humanos e cooperar com eles para a produção de arte. O que significa compreender os rudimentos da vida não-antropocêntrica e criar as condições para que o experimental possa ter lugar. Ou seja, a arte como podia ser.
A arte do século XXI.
Leonel Moura
(2004)
3 comments:
é das coisas mais idiotas que eu já li ,criar regras para outros que não para si.
situar o artista robot no presente e assumir que ele possa fazer arte .... um robot actual é menos inteligente do que uma formiga . tem aspectos giros ,que dizem respeito ao trabalho do artista e á sua atitude ,nada mais do que isso
pena não haver robots artistas no starwars, à laia de bardo no asterix
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