a popelina diz que são pedras mas saiu antes explicar melhor. fiquei a pensar na invisibilidade feita pedra. pedra para tropeçar. gosto delas e não tropeço nem sei de geologia. não sei quantos anos têm mas sei que têm muitos, gosto delas quando estão quentes do sol e quase sempre depois da chuva. e nem têm de ser seixos, a suavidade dos seixos tira-lhes alguma verdade que não identifico. se não sei escolher as cores, sei que detesto a palavra ornamental, sem justificar, alguma coisa a liga em mim a memórias invisíveis. onde se pisa, sempre um centro de atracção, posso dizer que ando nas nuvens a olhar para os pés, a ver o céu por baixo. a terra sempre teve má fama. começando nos palmos e na raiva do verbo pisar com tantas entrelinhas que lhe foram dadas.
light gazing, ışığa bakmak
Tuesday, June 30, 2009
os homens invisíveis
o homem invisível de Wall era por sua vez o homem invisível de H. G. Wells, um homem que acabou notoriamente espalhado por várias expressões artísticas. a história de fora para dentro, o homem que se transmuta em nada, o que o leva a ser realmente nada, o esvaziamento de si. se não fosse tão intricada, esta novela tinha-se ficado, fechada em si. o escoar de si agrada-me na literatura e fora dela, geralmente mais atraente quando apoiada numa página. confesso que os outros, em que se tropeça, não me fazem olhar. gosto do brilhante no final do abismo, das lascas de vidro partido que brilham ao sol. a opacidade molengona, estável, estanque, nunca me deu vontade de morder. e os homens que se escondem, armadilhentos? a esses atiram-se as pedras da terceira linha.
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2 comments:
Mesa,
sabes o que é que eu acho? acho que este teu texto está excelente.
falta-lhe o jornal ou seja lá o que for que lhe dê a visibilidde que merece.
sobre o tema, e num registo de senso comum, parece-me que tem que se lhe diga, mas que sei eu (por acaso até sei alguma coisa :).
a tua última frase, ahah.
mas, olha, estamos no mundo da complexidade, não é?
beijinhos para ti (lisboa vista de cima hoje à noite era como uma miragem. só isso já me enche a alma)
Popelina, como um peixinho de aquário, gosto de andar à roda neste espaço restrito. fora daqui não me dava nada bem :)
o mundo da complexidade é bom para fazer pensar, há tantas pessoas diferentes como há pedras e isso é o mais fascinante, tanto como Lisboa vista de cima :)
bjs
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