Ana, este seu post fez-me lembrar a quantidade de meses que andei a restaurar algums dos meus objectos de louça partidos e mal colados, de modo a ficarem quase como novos... Só que os meus já têm anos suficientes para serem considerados antigos e os cacos que esta senhora utilizou e de que resultou o retrato, eram certamente peças que não tinham o valor de antiguidade ou qualquer relação afectiva... O resultado é, de facto, muito interessante. Bjs
Júlia, foi o meu filho que me chamou a atenção para este quadro. Esteve uns bons minutos a andar para a frente e para trás porque descobriu que ao longe se via a mulher e que perto não se via. Depois usou a mesma "técnica" para outros quadros. Foi engraçado vê-lo a ele e ao pires partidos. Não tinham aspecto de ser antiguidades... Já fiz esse trabalho de reconstituição, é um trabalho bom para quem gosta de puzzles. Bom fim-de-semana!
Encontrei o seu blog quando procurava informação sobre a Quinta de São Bento, em Monchique. Depois de ler o que escreveu sobre o restaurante, reparei nas fotografias, matéria por que me interesso bastante. De modo geral, vistas sem aprofundar, são fotografias, digamos, "documentais". Nada de especial, portanto. Mas há, pelo menos, não vi senão umas poucas, uma que achei boa, excelente, talvez. Refiro-me a "Mato Urbano (4) - vida nos subúrbios. Há duas coisas muito boas: o décor ( o cinzento-azul e as molas) e a focagem. Bravo por essa foto! Berlino
Antes de procurar a fotografia que é a sua preferida, Ana, perguntei-me porquê "estranhamente"... Aos olhos do próprio nenhuma preferência é estranha, porque preferências, seja pelo que for, são coisas afectivas, não carecem de objectividade nem de imparcialidade. Gostamos disto, desta pessoa, desta paisagem, desta comida, seja do que for, porque gostamos. Eis tudo. Mas depois de encontrar Avenida percebi, creio, porque utilizou o advérbio de modo. Eu não gosto da fotografia em causa, mas não porque seja "estranha"; não gosto porque não consigo relacionar-me com ela, esteticamente. Para mim, é como se Avenida fosse um buraco negro, uma coisa vagamente opressiva que me afasta. Não a entendo, em suma, nem como motivo nem como sensação nem como décor. Mas, caminhando pelo seu blog até chegar a Avenida encontrei uma coisa "perfeita" (passe o exagero) admirável, segundo os meus padrões: Sul. Uma verdadeira fotografia, tal como eu entendo a fotografia enquanto criatividade, enquanto "voz" e "olhar". E para obter isso que eu chamo voz e olhar, apenas precisou de três ténues linha de cor: um negro, um cinzento e um azul. Três linhas, um disparo e eis, sim, eis uma visão do Sul! Nunca um título me pareceu tão perfeito e tão definidor. Bela fotografia, Ana! Depurada até ao limite e, todavia, "cheia" de alusões e sensações. Antes de deixar-lhe esta impressão sobre as suas e as minhas preferências fotográficas ainda um pequeno sinal sobre Murches, um motivo a preto e branco que me pareceu muito bem conseguido, no género World Photo. Talvez - perdoe-me o pretensiosismo de me permitir fazer-lhe sugestões - fosse preferível começar a pensar que tem mesmo um "dedo fotográfico", isto é, um "olhar particular" sobre as coisas, mas que isso pede menos disparos mas melhor seleccionados. Espero que não me leve a a mal. Berlino
Ana V.
Cascais. Portugal.
[aviso genuíno: "Talvez alguns leitores achem toda esta conversa algo inverosímil. Para os comprazer, o autor confessa que é da mesma opinião, mas infelizmente as coisas passaram-se como as relatamos."
Gogol em As Almas Mortas.]
["Before my birth there was infinite time, and after my death, inexhaustible time. I never thought of it before: I'd been living luminously between two eternities of darkness."
Pamuk em My Name is Red.]
6 comments:
Ana, este seu post fez-me lembrar a quantidade de meses que andei a restaurar algums dos meus objectos de louça partidos e mal colados, de modo a ficarem quase como novos... Só que os meus já têm anos suficientes para serem considerados antigos e os cacos que esta senhora utilizou e de que resultou o retrato, eram certamente peças que não tinham o valor de antiguidade ou qualquer relação afectiva...
O resultado é, de facto, muito interessante.
Bjs
Júlia, foi o meu filho que me chamou a atenção para este quadro. Esteve uns bons minutos a andar para a frente e para trás porque descobriu que ao longe se via a mulher e que perto não se via. Depois usou a mesma "técnica" para outros quadros. Foi engraçado vê-lo a ele e ao pires partidos. Não tinham aspecto de ser antiguidades... Já fiz esse trabalho de reconstituição, é um trabalho bom para quem gosta de puzzles. Bom fim-de-semana!
Encontrei o seu blog quando procurava informação sobre a Quinta de São Bento, em Monchique. Depois de ler o que escreveu sobre o restaurante, reparei nas fotografias, matéria por que me interesso bastante. De modo geral, vistas sem aprofundar, são fotografias, digamos, "documentais". Nada de especial, portanto. Mas há, pelo menos, não vi senão umas poucas, uma que achei boa, excelente, talvez. Refiro-me a "Mato Urbano (4) - vida nos subúrbios. Há duas coisas muito boas: o décor ( o cinzento-azul e as molas) e a focagem. Bravo por essa foto!
Berlino
P.S - Onde escrevi "molas" leia, pf, pássaros. É que eu teria querido que fossem mesmo molas e não pássaros...
Berlino
Obrigada! :)
estranhamente uma das minhas favoritas deste hobby ainda é esta:
http://amesadeluz.blogspot.com/2009/04/avenida.html
Antes de procurar a fotografia que é a sua preferida, Ana, perguntei-me porquê "estranhamente"... Aos olhos do próprio nenhuma preferência é estranha, porque preferências, seja pelo que for, são coisas afectivas, não carecem de objectividade nem de imparcialidade. Gostamos disto, desta pessoa, desta paisagem, desta comida, seja do que for, porque gostamos. Eis tudo. Mas depois de encontrar Avenida percebi, creio, porque utilizou o advérbio de modo. Eu não gosto da fotografia em causa, mas não porque seja "estranha"; não gosto porque não consigo relacionar-me com ela, esteticamente. Para mim, é como se Avenida fosse um buraco negro, uma coisa vagamente opressiva que me afasta. Não a entendo, em suma, nem como motivo nem como sensação nem como décor. Mas, caminhando pelo seu blog até chegar a Avenida encontrei uma coisa "perfeita" (passe o exagero) admirável, segundo os meus padrões: Sul. Uma verdadeira fotografia, tal como eu entendo a fotografia enquanto criatividade, enquanto "voz" e "olhar". E para obter isso que eu chamo voz e olhar, apenas precisou de três ténues linha de cor: um negro, um cinzento e um azul. Três linhas, um disparo e eis, sim, eis uma visão do Sul! Nunca um título me pareceu tão perfeito e tão definidor. Bela fotografia, Ana! Depurada até ao limite e, todavia, "cheia" de alusões e sensações. Antes de deixar-lhe esta impressão sobre as suas e as minhas preferências fotográficas ainda um pequeno sinal sobre Murches, um motivo a preto e branco que me pareceu muito bem conseguido, no género World Photo. Talvez - perdoe-me o pretensiosismo de me permitir fazer-lhe sugestões - fosse preferível começar a pensar que tem mesmo um "dedo fotográfico", isto é, um "olhar particular" sobre as coisas, mas que isso pede menos disparos mas melhor seleccionados. Espero que não me leve a a mal. Berlino
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