Tento "aproximar-me" desta fotografia e não consigo. Que lhe falta para interessar-me? Ou então: que "me" falta para compreendê-la? Ana dirá (ou pensará): e que me interessa "a mim" que não a compreenda? Bom. Pode-se pôr a questão assim mas deixamo-la esgotar-se sem sequer tentarmos ir mais longe. Vamos por partes. O motivo. O motivo é banal mas há motivos banais que nos fascinam. Um exemplo? As casas de Tóquio do após-guerra filmadas por Yasijiro Ozu (The End of Summer). São tão banais como esta de Linhó e, no entanto, têm algo que esteticamente as torna singulares. Ou será Ozu que conseguiu dar-lhes esse algo de singular? O ângulo? Talvez... Há mais, mas fica para depois. Berlino
(cont.) O ângulo, eventualmente, poderá não ser o melhor. Mas isto, dito assim, soa sempre a interferência e a pretensiosismo porque só o fotógrafo sabe qual é o ângulo que lhe interessa. A questão é que o espectador também tem o "seu" ângulo", pelo menos teoricamente... Finalmente: numa boa fotografia há sempre "algo" (e digo "algo" porque não sei definir esse algo) que faz o interesse do espectador. Em Linhó creio que, justamente, lhe falta o "algo"... Berlino
Berlino, Trazer o Ozu não vale! :) Quaisquer que sejam as casas... Fica mais um filme para ver. Em relação ao ângulo, esse esteve no segundo entre abrir a porta do carro e entrar, com perigo de ser atropelada. A casa não me diz muito, a nuvem que invadiu o Linhó ontem ao fim do dia é que foi impressionante, como quase todas que caem da serra naquele local. Obrigada pelo comentário. o meu parâmetro é: será que punha na parede? Esta penso que não.
Rendo-me ao parâmetro, Ana. É bem original, ohhps! Quanto ao Ozu, creio que está na sua lista de filmes preferidos... Mas nada teve a ver com isso porque só depois é que vi, por acaso. O Ozu é um mestre do cinema que infelizmente me parece pouco conhecido do público. O que é quase trágico porque não se pode pensar o cinema sem conhecer alguns dos filmes dele. berlino
Ana V.
Cascais. Portugal.
[aviso genuíno: "Talvez alguns leitores achem toda esta conversa algo inverosímil. Para os comprazer, o autor confessa que é da mesma opinião, mas infelizmente as coisas passaram-se como as relatamos."
Gogol em As Almas Mortas.]
["Before my birth there was infinite time, and after my death, inexhaustible time. I never thought of it before: I'd been living luminously between two eternities of darkness."
Pamuk em My Name is Red.]
4 comments:
Tento "aproximar-me" desta fotografia e não consigo. Que lhe falta para interessar-me? Ou então: que "me" falta para compreendê-la? Ana dirá (ou pensará): e que me interessa "a mim" que não a compreenda? Bom. Pode-se pôr a questão assim mas deixamo-la esgotar-se sem sequer tentarmos ir mais longe. Vamos por partes. O motivo. O motivo é banal mas há motivos banais que nos fascinam. Um exemplo? As casas de Tóquio do após-guerra filmadas por Yasijiro Ozu (The End of Summer). São tão banais como esta de Linhó e, no entanto, têm algo que esteticamente as torna singulares. Ou será Ozu que conseguiu dar-lhes esse algo de singular?
O ângulo? Talvez...
Há mais, mas fica para depois.
Berlino
(cont.)
O ângulo, eventualmente, poderá não ser o melhor. Mas isto, dito assim, soa sempre a interferência e a pretensiosismo porque só o fotógrafo sabe qual é o ângulo que lhe interessa. A questão é que o espectador também tem o "seu" ângulo", pelo menos teoricamente...
Finalmente: numa boa fotografia há sempre "algo" (e digo "algo" porque não sei definir esse algo) que faz o interesse do espectador. Em Linhó creio que, justamente, lhe falta o "algo"...
Berlino
Berlino,
Trazer o Ozu não vale! :) Quaisquer que sejam as casas... Fica mais um filme para ver. Em relação ao ângulo, esse esteve no segundo entre abrir a porta do carro e entrar, com perigo de ser atropelada. A casa não me diz muito, a nuvem que invadiu o Linhó ontem ao fim do dia é que foi impressionante, como quase todas que caem da serra naquele local. Obrigada pelo comentário. o meu parâmetro é: será que punha na parede? Esta penso que não.
Rendo-me ao parâmetro, Ana. É bem original, ohhps! Quanto ao Ozu, creio que está na sua lista de filmes preferidos... Mas nada teve a ver com isso porque só depois é que vi, por acaso. O Ozu é um mestre do cinema que infelizmente me parece pouco conhecido do público. O que é quase trágico porque não se pode pensar o cinema sem conhecer alguns dos filmes dele.
berlino
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