a outra Ana que lê acabou-o recentemente. na altura em que voltei a Bath pelo livro, onde já tinha estado em carne e osso, nem sei como, mas lembro-me das termas romanas e do anfiteatro de casas, uma cidade muito particular. passados anos, a meia lua de pedra ainda me agrada, mas mais duradoura foi a atracção pelo pequeno. o rendilhado, o detalhe, o esboço de gesto, o músculo quase imperceptível que mexeu na boca. tudo tão longe da muralha de Adriano. espanta-me a irritação com as palavras. é possível gastá-las e reusá-las até não dizerem nada, o que fazemos quase todos. é suposto, pelo padrão moral das coisas, que um matemático quando abra a boca queira dizer de facto alguma coisa. se só as letras pesadas de conteúdo contassem, as maiores obras seriam os tratados de engenharia ou os livros de instruções. sempre enrolada nas maiores, neste caso nas mais minúsculas maquinações, até porque penso que a outra porta é a que se abre com a chave do mealheiro, uma porta do tamanho das laçadas de bilros. atrás da cortina, ela que não conheço. divirto-me com o sentido da vida, a grande causa. na minha página, duas folhas que caíram de uma árvore podem provocar a maior das catástrofes, embora não essa em que estás a pensar. à noite, pega num livro de histórias e lê dois capítulos como se estivesses no cinema, em silêncio como se estivesses num concerto. talvez te ajude.
light gazing, ışığa bakmak
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2 comments:
Excelente, belo texto!
Berlino
Obrigada. e boa semana..
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