light gazing, ışığa bakmak

Saturday, November 28, 2009

bom petisco, marisco honesto



só cozinho à segunda e à quarta. dá-me para a semana toda. eram três na mesa mas ouvia só o mais magro. fico entretido, é a melhor parte, o que deduzi ser o tempo da cozedura. e imaginei-o só, na cozinha, e as mãos nodosas a talhar cogumelos e legumes verdes. um homem de colorau, alhos e louro, nada de orégãos frescos mas quem sabe. à sua frente um outro que parecia mais velho, pullover e um certo posicionar do corpo, enviesado, de quem está continuamente a dizer algo extremamente confidencial. aos cantos da sala, três homens comem sozinhos e entreolham-se de soslaio. uma confirmação: estás aí ainda, és como eu, talvez sejas eu mesmo.

marisco honesto e caldeirada dita caseira, algumas dúzias de gemas no balcão das sobremesas, em estrada mal marcada entre o mar, as escarpas e o areal de São Torpes. ao fundo as plumas de carvão a abrir caminho no cinzento das nuvens.

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