light gazing, ışığa bakmak

Wednesday, November 25, 2009

outra cópia descarada

este fui buscá-lo descaradamente ao blogue bater no cego é pecado, mas justifica-se pois trata-se de Bénédicte Houart. não sei de que livro é nem como se chama.


elas fazem renda até ao fim do mundo
enquanto lançam pragas entre os dentes
e o comboio descarrila de facto, mas
elas continuam de agulhas na mão
pois o mundo não acabou
embora até pareça que sim, mas
nem todos têm o dom de dupla visão
nem todos vêem o fim mais longe do que a desgraça
porque pior que tudo é passar frio e passar fome
pior que tudo é não fazer nada

Bénédicte Houart


e que me esqueci de dizer: as mulheres notam-se na escrita, há um encarar áspero, face-off, como se aquilo estivesse por dizer há tempo mas não havia permissão para o fazer. agora que posso têm de me ouvir. e das rendas e dos interiores caseiros vemos finalmente a outra parte mais sórdida e menos pintura romântica do campo inglês. sarcasmo feito em casa. são milénios de limpar o chão e o ranho das crianças e de limpar e vestir os mortos, de assegurar que a espécie continua e que os machos são criados e enviados para a guerra com boas botas. tenho notado este ajuste de contas na maior parte das women poets ali ao lado. do outro lado do gender gap há talvez o melhor deste volte-face, a mesma serenidade que vi na entrevista de Bergman. liberdade.

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