light gazing, ışığa bakmak

Monday, November 30, 2009

Tetro

o que outros pensaram: 1. 2.



apesar dos seus setenta anos e de o chamado regresso de Coppola não ser bem isso (grandes realizadores dessa década, os maiores, ainda felizmente realizando filmes que provam sobre prova sobre prova aos novos que são mestres e porque é que o são), é um filme que quis fazer por seja lá que necessidades de expressão. não há regressos. tenho também algum problema com o escavar auto-biográfico que é costumeiro nestas alturas, e que o próprio incentivou. põe-se tudo de cócoras a descobrir paralelos nos vários elementos da família, quem é quem, será isto ou aquilo, nem sabia que o Nicholas Cage é seu sobrinho. um filme, como o vejo, de certeza com buracos negros imensos de falhas minhas e de vistas curtas, é uma obra acabada, uma coisa redonda que nasce e se desenvolve e acaba em si própria. se gosto de espreitar parentescos é sempre na mesma linguagem, nos outros actos de expressão do autor e na linguagem do cinema, já tão complexa ao fim de relativamente poucos anos de existência.


Tetro é facilmente o melhor filme que vi este ano deste ano. vi filmes melhores, de anos passados, o Persona por exemplo. mas Tetro é um momento que é tudo, que condensa quase tudo o que o cinema pode fazer, imagem, som, fotografia, story-telling, actuação, luzes, teatro, ópera, bailado, tudo condensado na mesma película, no mesmo ficheiro digital, uma obra maior. os seus irmãos são East of Eden (é verdade, Jorge, tentar refazer esse filme parece-me estranho) e On the Waterfront, irmãos mais velhos.

a frase final foi o que me estragou a história, uma frase equivalente a "foram felizes para todo o sempre" e mesmo sabendo que toda a história é uma ficção estética, com os largos movimentos que só se conseguem nas tragédias e na ópera, pensei que esse final não era digno de um herói caído, grego ou não. afinal foi o que não esteve lá, o calcanhar de Aquiles, e o que não faltou a Apocalypse Now, um argumento - o lado da história, a escrita.

todos os actores personagens muito bons, mesmo tendo de partilhar o espaço do ecrã com esse magnet Vincent Gallo. estou certa que quando ele entra na sala o ar congela por si só.



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