light gazing, ışığa bakmak

Tuesday, December 22, 2009

actualização de direcção



o tempo frio e de vidro, de maneira que respiro melhor. ausência de insectos e de comedores de insectos. ausência de película branca sobre os objectos. por vezes o branco mas da névoa. (acabei com as flores, mas mantenho um pequeno morangueiro silvestre a que gosto de chamar selvagem). e ter bafo de dragão logo de manhã.

por detrás da estação de Sintra há um restaurante que eu não conhecia apesar de por ali vaguear há pelo menos quarenta anos, o D. Pipas. a fugir da chuva, com pouca convicção porque a não ser que jorre gosto de apanhar com ela na cara e ter o cabelo frio de gotículas, entrámos para o espaço na altura cheio de empregados de mangas (alpaca), um sítio onde se come todos os dias ou em dias mais festivos como hoje, o último de trabalho para muitos escriturários de primeira e de segunda, em que se aproveita para fugir ao croquete e à tigela de sopa em pé ao balcão. comida-surpresa com mousse de travo laranja. uma colecção de velhos aparelhos de rádio. alguns ferros de engomar dos de metal. um garrafão imenso de vidro verde. azulejos desenhos e aguarelas. uma boneca vermelha natalícia e uma abóbora. há sangria e a origem da carne. quem atende são homens e todos acima dos quarenta, senão dos cinquenta, a comprovar a estabilidade do estabelecimento.

rebentou-lhe uma veia na cabeça, tinha quarenta e dois anos. assim digo quarenta pela terceira vez. vai esta tarde para o cemitério de __. a chuvinha e o atrás da televisão. passou. na santa casa da misericórdia duas mulheres falavam com a assistente. o objectivo: alugar uma cama de doente e o serviço de alguém para tratar do sogro acamado. tem tantas doenças que nem sei o que tem. está a ficar com ferida, a mulher não lhe consegue dar banho sozinha mas o comer dá-lhe. a ver se precisa do colchão para escaras e são trinta euros por mês, a cama. não diz coisa com coisa, algaliado.

em Óbidos, seguindo aquela direcção, há o Troca-Tintos, um dos mais agradáveis wine bars que conheço. mais tarde, e seguindo orientações anteriores, hei-de separar os azeites (e não águas) em pequenos frascos mais dourados que água benta, colocar etiqueta de elevado nível e quem sabe juntar poejo.

1 comment:

Tozzola said...

A Lúcia Lima diz que com rosmaninho ou alecrim também realça o azeite. De garrafão sem necessidade de saca-rolhas. :))

 
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