podia juntar véus e ficava tudo ondulante, uma cor empalidecida, um movimento confortável e pouco eufórico. seria um mundo sem gumes bruscos nem lascas ou gritos de velhas. e desse manto para outro, uma navegação fora dos trópicos sem saltos, o silêncio de uma pálpebra e chega-se a outro destino forjado, outro palacete de papel e cola branca e uma fita-cola muito antiga a cheirar a balde de resina. junto à árvore três bicicletas, porque deus assim desejou, os números são tão infiéis. pedalar, esmagar insectos debaixo da borracha da roda que vão estalando como galhos mas vi as antenas carapaças seis pernas de pressa a sair da terra com pedras e outra volta ou ondulação, nova página em que repousa um bico de pena e penugem, o farfalhar das asas. na mala de viagem das médias e já usadas acastanhada cabe um homem grande que quando lá chegar surpresa nunca tinha saído.
light gazing, ışığa bakmak
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3 comments:
Sabe, Ana? Escreve demasiado bem, sem lisonja. Habituei-me a vê-la como "fotógrafa", desde a primeira visita a esta mesa e não liguei por aí além ao resto.Mas, pouco a pouco, a minha atenção prende-se à sua escrita. Meu Deus! (passe o absurdo - sou ateu...) como escreve bem. Ainda hei-de tentar dar-lhe uma opinião crítica mais fundamentada. Para já, acho que os surrealistas são, certamente, da sua família - ou o contrário: é igual. Ohpps! e ohpps!
:) Berlino
:))) surrealista ! formas de disfarce até porque estranhamente uma das minhas frases é 'ninguém tem nada a ver com isso'..
os insectos esmagados pelas rodas de borracha ,até pode muito bem ser .
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