light gazing, ışığa bakmak

Saturday, January 9, 2010

identidade

"The ship wherein Theseus and the youth of Athens returned had thirty oars, and was preserved by the Athenians down even to the time of Demetrius Phalereus, for they took away the old planks as they decayed, putting in new and stronger timber in their place, insomuch that this ship became a standing example among the philosophers, for the logical question of things that grow; one side holding that the ship remained the same, and the other contending that it was not the same."


talvez tenha mexido à colher com personalidade. identidade de idêntico, não é o que eu procurava. no Great Dream of Heaven a identidade é clara como os relevos dos buttes. a identidade sociológica e psicológica perde-se em teias de bisturi, penso, ou então eu tinha a palavra errada. identidade, o que faz uma coisa-pessoa ser o que é na duração de qualquer tempo e na localização de qualquer lugar. [isto na esperança que o Rui cite o que ele sabe]. onde estamos, não nas partes que se renovam, onde estamos no tempo. tão mais fácil dizer que somos outra pessoa, que fomos outras pessoas. sempre a mesma, tal como a peça substituída não se dilui na memória. começar do zero, que sonho tão eldorado, clean slate. a surpresa de Shepard morar no Minnesota com tantos desertos escaldantes na escrita. neste Heaven que foi um sonho afinal, em que a felicidade não foi possível nem no passado, como não foi no presente e o futuro que não interessa porque na velhice o futuro já passou. fujo ao assunto. identidade somos nós em mudança, um cabo vibrante entre o que somos e os outros sem nunca chegar a um dos lados. (e quando não há outros, pensa nisso).

actividade intensa, leitura intensa, emoções intensas. para sempre vou recordar o momento em que vi uma chaga viva, no coração da formação das galáxias que são a identidade.

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de passagem, um outro blogue fantastique. um filósofo com as fotos favoritas dos últimos meses, desde o verão mais precisamente.

4 comments:

Anonymous said...

Sempre vi o shepard como uma pessoa ,não como um simulacro de pessoa,um quarto de pessoa ,um terço de pessoa ,cada um faz o que pode ,e há os que podem muito como o shepard ,por ter um enorme talento para a cartografia dos espaços e das pessoas que os habitam ,se ele diz que a personalidade é uma máscara que por baixo ou existe algo mais puro (uma essencia) ou nada ,de facto há muitas pessoas com o nada por baixo da personalidade .Acho que a identidade passa por saber ou não digerir o que vamos lendo ou vendo ,e não é a ler best sellers que nos deparamos com um vislumbre do que se está a passar ,o Andy white lá nos vai dizendo para irmos á procura da campa do james joyce ,para simplificar : A maior parte das pessoas nunca vão ter uma identidade que valha a pena ,que desperte um interesse . todos temos uma capa do sargento pimenta e a banda dos corações solitários ,o shepard está na minha ,mais o Dylan , o cardoso pires ,e mais uns tantos .

Berlino said...

Estimulante este seu texto, Ana. Mais uma vez, de resto, o que já é um lugar-comum afirmar.
Diz que a identidade é o que somos em permanente mudança, mas eu acrescentaria que também é o que somos ancorados na nossa permanência. E parece-me ter mais força a última noção de que a primeira porque só apreendemos o conceito de identidade quando permanecemos em "algo" - uma forma de ser, de reagir, de pensar, de reconhecer - que significa "eu". A identidade, parece-me, é esse auto-reconhecimento de um "eu" inequívoco e apropriado. Quando isso não acontece - e agora a brincar - andamos à procura do eu, gritamos "Meu Deus, onde está a minha identidade? Quem sou eu?.., etc. Bom. Ohpps! Já me alonguei qb. Obrigado pelo texto. Bom Dimanche!
Berlino

Ana V. said...

anónimo, era isso. embora eu pense que toda a gente tem um como-estão-os seus-netos..

Ana V. said...

Berlino, entre a permanência e mudança encontra-se quem somos só quando já não se muda assim tanto. será?

 
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