light gazing, ışığa bakmak

Tuesday, February 9, 2010

the hurt locker





por uma pura questão de quadrilhice oscarizada, tinha de ver The Hurt Locker só para decidir para quem ia o meu hipotético, insignificante e inexistente voto na contenda que os media querem tornar em quase doméstica. podia dizer que Avatar é o sonho e este é a realidade, os Basterds a ficção. ou que um é o futuro, este o presente, o outro o passado. ou que um é sci-fi, outro action movie e outro meio cult meio period piece.


entretive-me a contar as personagens femininas: uma é a doce mulher-mãe blue-eyed cabelo longo com o bebé ao colo que tem direito a 30 segundos de película (é película, vi-a a rodar através do vidro). outra a mulher de um doutor iraniano que fala 3 línguas, ele, e que corre com o "nosso" herói de casa na base da gritaria. vinte segundos. as outras são figuras negras (xailes negros) que choram os mortos. portanto, a mulher presente era a que estava atrás da câmara. e isto não tem qualquer tipo de relevância para nada. foi um femi-sudoku.

a Isilda tinha vindo ainda criança da Madeira. no quarto, o seu espaço, tinha uma arca. tudo o que ganhava servia para construir o enxoval. cada mês um novo orgulho. lençóis. um serviço de chá. os atoalhados. o serviço de talheres que demorou uma estação a chegar. ao fim de poucos anos casou-se e teve um filho. não estou certa mas quase podia jurar que perdeu a pronúncia insular.

não fossem os últimos minutos de Hurt Locker e tinha vindo de lá convencida. desde Black Hawk Down que não via a guerra tão bem feita. mas o final desconvenceu-me, tal como a citação inicial. a guerra é uma droga. sim, e depois? e assim o excelente Jeremy Renner voltou para o campo de batalha incapaz de ser civil, como o marinheiro que não desembarca ou o piloto Clooney que não desce da sua asa. o feito deste filme concorrer com os bonecos azuis-Masai de Cameron é um complexo de culpa. e quem sabe faltem outros filmes festivaleiros para premiar.

a Bianca, contradição onomástica, morreu antes do tempo com aperto no peito. goesa refugiada num pequeno apartamento no sexto andar a ver o Tejo, as paredes com sabor a caril, uma arca incrustada de marfim na sala e água de coco para beber.

plano: ver se a sala da marinha mercante no Museu de Marinha já está aberta. (a chávena do café dizia waitwaitwaitwaitwaitwait)

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