estrondosa, a exposição A Perspectiva das Coisas - A Natureza-Morta na Europa séculos XVII-XVIII na Gulbenkian até dia 2 de Maio. mais do que exibir obras vindas de vários Museus da Europa e dos Estados Unidos, esta Perspectiva é um festim para os sentidos. diria que é uma multi-perspectiva no sentido em que há qualquer coisa para quase toda a gente (os visitantes que vi provam-nos, várias idades, vários interesses, vários níveis de conhecimento nesta área, várias nacionalidades). os olhares podem ter inúmeras origens: quem gosta de história, estudiosos de arte, estudiosos ou amadores da técnica da pintura, amadores de objectos, gourmets e outros amantes de comida, coleccionadores de imagens, fabricantes de narrativas, experimentadores de cores de todas as áreas criativas, profissionais do cristal e da porcelana, desenhadores de têxteis e todos os que me escapam por agora. no tempo do artificial fim das coisas, entre elas a pintura (nada desaparece, mas tudo se...), é curioso o sucesso de uma exposição que é apenas pintura -sem as inter-actividades a que nos acostumaram as exposições de arte contemporânea - e, para mais, de pintores desconhecidos do grande público na sua maior parte, apesar do Goya e do Rembrandt expostos.
light gazing, ışığa bakmak
Tuesday, February 16, 2010
A Perspectiva das Coisas
fiquei o tempo de uma longa refeição e gostaria de voltar para a ceia. digerindo algumas paixões anteriores: amo o barroco, uma. fascinam-me os gabinetes de coleccionador que me lembram o Un Cabinet d'Amateur oferecido pelo Marcelo há anos. genial Perec. ["collector's cabinet of curiosities", nome que já vale meio encanto] curiosidade, curioso: no contemporâneo, esta ideia vejo-a em, mais do que ninguém, Damien Hirst e nas suas colecções infinitas de barbitúricos ou de animais etilizados. outra paixão e uma das imagens que mais gostei de ver: a Natureza Morta com Prato de Marmelos e Uvas (c.1645) de um dos meus favoritos de há muito, Zurbarán que, inimaginável, alguém no mundo tem a maior fortuna de possuir - "colecção particular".
as surpresas: as mulheres da pintura, incluindo a portuguesa Josefa d'Óbidos com duas telas festivas de Páscoa que me lembraram motivos e cores mexicanos. revelação: Clara Peeters(na imagem), de quem quero ver e saber mais. Clara de Antuérpia que não fazia parte do Guild de pintores, que não teve educação formal, que esgueirava minúsculos auto-retratos na forma de reflexo nos copos e vidrados das suas naturezas-mortas e que "The view, advanced by some contemporary art historians, that Peeters has been underrated because she was a woman (...)". hei-de reencontrá-la no Prado. impressionantes também os vidros de Sébastien Stoskopff, as nozes de Antonio de Pereda y Salgado e o Náutilo, taça chinesa e limão de Willem Kalf. náutilo. náutilo. outra prenda linguística. diverti-me a encontrar limões translúcidos, com a meia casca a cair na borda da mesa ("casca espiralada").
surpresas diagonais: as várias chocolateiras no que seria hoje catalogado como foodporn e o desafio a vários preconceitos e clichés que se instalaram entre a fotografia e a pintura ("Na sua maioria, as flores pertencem a variedades cultivadas, com floração em diversas épocas do ano e eram organizadas pelo artista na própria tela e não na realidade, sendo pintadas individualmente em sessões separadas.", do folheto da exposição)
um excelente catálogo e folheto de exposição. em 2011 teremos os dois séculos seguintes. espero secretamente que venha a santola de Van Gogh para a poder confrontar com o suculento espécime de Abraham van Beijeren.
uma refeição imperdível.
Publicado por Ana V. às 10:35 PM
TAGS A arte pela arte
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3 comments:
na wiki -os filmes de P... G... são notáveis pela presença de elementos de arte renascentista e barroca .:) uso de luz natural .Drowning by nª S
e filmou a ronda da noite
mais recentemente o Don Eddy ?
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