prometeu que amanhã as coisas teriam sentido, mesmo com a chuva e mesmo depois do choque de ter lido sobre um homem que pôs todo o conteúdo da sua casa no relvado da frente, à vista da estrada e dos vizinhos, tudo ligado, até a televisão. fosse em Portugal ou em outro canto mais ou menos obscuro do mundo estaria a dar um concurso para descobrir uma estrela da pop no local mais inesperado. e descoberto esse macaco de saltar, seria outro no sistema, que alguns julgavam fantasticamente sofisticado, o sistema das estrelas pop e a sua falsa complexidade marrona.
se te visse na rua não te conhecia com certeza, nem sequer desconfiava que durante um longo período estiveste quase ao meu lado todos os dias. a seguir as mesmas regras e as mesmas horas, a pensar em quase o mesmo e a vestir quase a mesma roupa. aquela ideia antiga de comunhão e de todos os seres se amarem sem fim no caldeirão biológico da vida esmagava-se no teu retrato de óculos escuros a passear no mesmo sítio onde passei há tão pouco tempo, a pôr ainda os pés nos mesmos degraus e a olhar para as mesmas coisas.
era a fingir, era tudo a fingir. nem eu estava ali, nem tu, nem ninguém.
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totalmente unrelated, mas muito interessante, via Last-Tapes. que me lembra sempre a terceira pessoa ("Who is the third who walks always beside you?")
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