light gazing, ışığa bakmak

Friday, April 9, 2010

aperto, nó


preparava-me para mergulhar no Walden, ironicamente frente a um Atlântico azul, quando a conversa da mesa matinal ao lado me desfocou as páginas. mãe e filha discutiam procedimentos médicos que deduzi terem sido seguidos no tratamento e alívio de um cancro. a morfina, os testes, as dores, o que tinha sucedido nesta e naquela data. a doença tinha durado três anos desde os testes iniciais até à morte do pai, há dez dias atrás. a filha, parecendo aborrecida ou nervosa - reacção cega que por vezes resulta da dor, tentava puxar a mãe para a vida com as coisas que se dizem: a mãe tem que tratar de si, a saudade nunca acaba, a dor não desaparece mas temos que viver com ela. pessoas inteligentes, resistir. e a mãe diz só: mas ele era o meu amor!

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