light gazing, ışığa bakmak

Sunday, April 18, 2010

"poetics of whiteness"

Emily Dickinson, morta aos cinquenta e poucos anos. nos últimos anos de vida pouco sai de casa e veste de branco, ideia que se espalhou em Amherst. há poucos relatos deste descair para o branco, mas a ideia é agradável e fica bem à imagem da poeta isolada nos seus altos pensamentos. na poesia, a cor branco em várias formas white blank pale surge cerca de trinta vezes mas não há unanimidade quanto ao significado. o seu vestido branco, o que mais usava, na imaginação dos outros, pelo menos, esteve exposto no seu quarto na casa-museu (vi só a janela) durante muitos anos, agora suponho que está na sociedade histórica. preferia o quarto. também é verdade que estas iniciativas, um pouco folclóricas e que cruzam turismo, educação juvenil das visitas de estudo e até santuário (não há velas lá! mas podia haver), nada têm a ver com o facto em si, que são uma dúzia de palavras muito dúbias espalhadas numa página em branco com uma explosão de significados. mas porque não. existe a casa museu Camões? em Constância não dei por isso, mas confesso que nunca entrei na de Fernando Pessoa. não vejo que estas iniciativas façam mal por muito folclore que se lhes associe. intrigada fiquei com as várias leituras deste branco como raça. talvez faça algum sentido no contexto histórico e na cultura do país. se a leitura fosse apenas cultural -glória ao leitor e relegar para mais tarde quem escreveu- a nossa leitura estaria entre o branco pureza religioso e o branco da luz-sol revelador. se no dicionário dos símbolos esta cor não tiver quatro páginas.. e se fosse sentimento seria talvez monástico, um branco depurador onde apenas as ideias da essência surgem claras definidas e isoladas, eliminado todo o excesso. tanto atalho para chegar aqui, ao meu branco. (glória ao leitor)


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Pain has an element of blank;
It cannot recollect
When it began, or if there were
A day when it was not.

It has no future but itself,
Its infinite realms contain
Its past, enlightened to perceive
New periods of pain.

Emily Dickinson
(mas este branco é o teu, o do esquecimento)

2 comments:

Tozzola said...

Um branco longe da pureza e perto da beleza informal.
-gosto da forma como constróis pelo telhado :))

Ana V. said...

foi muita volta.. :)) e não deve ficar por aqui

 
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