light gazing, ışığa bakmak

Sunday, May 9, 2010

julgamento popular

inventei um Adamastor de férias em Lisboa, instalado na torre de Belém depois de apanhar boleia de um grande navio de contentores chinês. e inventei a história da miúda que só comia comida verde. mas isto não tinha sido possível.


a mãe dedicou-se ao filho mais novo, cinco anos, no tratamento de um cancro. diz-se -diz o coro de um dos lados- que livre do cancro veio a morrer quase de repente de infecção pulmonar. não foi a mesma, a mãe. pouco tempo depois sofre um acidente e fica em coma, recupera, mas não foi a mesma, a mãe. diz-se - ainda o coro- que a filha mais velha foi posta numa escola pia, privada e pia. como uma família de aldeia, muito trabalho pouco estudo, reage à adversidade -a minha voz talvez. na escola a integração foi má, pelas superioras que não gostavam do muito trabalho e pouco estudo dos pais, pelas colegas que não gostavam da aldeia da filha. a mãe não foi a mesma. a professora esforçada, diz uma voz mezzo-solista, não consegue resgatar a rapariga do negligente lar. e salta um tenor conhecido do pai, nada disso, disse, é uma família às direitas, grandes festas de anos, uma casa feliz.

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