museu de arte popular

depois disto e disto. (veryshortstory is now following me on twitter, vá-se saber porquê). pelo que soube, a colecção do museu de arte popular será exposta depois de re-vista, re-enquadrada, re-visitada por artistas contemporâneos. se bem que o museu-edifício seja ele próprio um 'testemunho' de uma época, como o são todos os edifícios afinal, da época e do passar do tempo; as colecções devem ter novo tratamento, como se diz. este reshuffle é obrigatório e o envolvimento de uma comunidade de artistas contemporâneos na reabertura do Museu só pode ser positivo. é curioso estar a olhar para as imagens de corações, galos e cestos de pão e ter -across the road - um vaso metálico de filigrana em tamanho XXL de Joana Vasconcelos, uma artista que se alimenta dessa iconografia que é nossa. os movimentos sociais de cura e convalescença de 48 anos de doença são em parte (e sem que o sejam voluntáriamente) responsáveis pelo apagar desta história, pelo desvalorizar do 'povo' de Salazar. e no entanto António Ferro pensava e escolhia bem. para mim, o diálogo com a arte contemporânea não é suficiente. deviam lá estar não só as mais tradicionais obras de artífices, a expressão do homem comum e sobretudo da mulher comum para sempre sub-representada em todas as áreas, mas também do novo 'povo' urbano: graffiti, pinturas em pranchas de surf, customização de motorizadas e bicicletas, pintura e decoração de skates, tatuagens, customização de sapatos e ténis, bonecas de trapos revisitadas e por aí adiante. não são estas as crafts do 'povo' de hoje? difícil será encaixá-las nas províncias ou regiões do país, como se faz no Museu, em que a referência ao autor é substituída pela referência à região (a authorship diluída em geografia). as novas crafts dividem-se em duas regiões maiores -paisagem urbana e o resto. e mesmo esta distinção se desintegra com a possibilidade de estar em todo lado ao mesmo tempo, benção e castigo de viver em dois mil e qualquer coisa.